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Ataque frustrado em área turística alarma Nova York
Homem branco aparentando 40 anos é suspeito por carro-bomba na Times Square
Prefeito diz que dispositivo explosivo era de "fabricação amadora", e ministra afirma que não há, por ora, indícios de que não seja caso isolado
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
Depois da explosão malsucedida de uma bomba na Times
Square, um dos pontos turísticos mais movimentados de Nova York, no sábado à noite, policiais e agentes federais passaram o dia de ontem à procura
de evidências que levem ao autor do atentado frustrado.
Apesar de o Taleban paquistanês ter reivindicado a responsabilidade pela bomba, deixada em um Nissan Pathfinder
na rua 45 com a Broadway, por
volta das 18h30 (locais) de anteontem, as autoridades dizem
não haver indícios suficientes
para comprovar essa versão.
A Times Square foi evacuada,
na noite de sábado, e teatros,
hotéis e restaurantes ficaram
isolados durante a madrugada,
depois que o veículo estacionado ilegalmente exalou fumaça.
Uma equipe antibombas foi
chamada. Identificou gasolina,
propano e pólvora no carro, cuja placa estava registrada para
outro veículo. Fogos de artifício
estavam presos aos galões de
gasolina, e dois relógios a bateria estavam conectados ao artefato por pequenos fios.
Investigadores disseram
acreditar que os fogos foram
acesos, mas não chegaram a explodir. Teriam sido eles os causadores do pequeno incêndio
que chamou a atenção de policiais e ambulantes na rua 45.
Ainda na madrugada de domingo, o prefeito de Nova York,
Michael Bloomberg, disse que
se tratava de um carro-bomba
com um "dispositivo explosivo" de fabricação "amadora".
Ontem, investigadores examinaram oito sacos de uma
substância granulada desconhecida encontrada no Pathfinder. Segundo o chefe de polícia Raymond Kelly, o material,
que tem aparência de fertilizante, levanta a hipótese de que
houvesse material explosivo na
bomba, considerada até a conclusão desta edição apenas incendiária -e, por isso, de menores proporções destrutivas.
"Tivemos sorte por não ter
havido detonação", afirmou
Kelly. "No meu julgamento, teria causado perdas, uma bola de
fogo significativa. Disseram-me que o veículo teria sido cortado ao meio."
O chefe de polícia afirmou
que os investigadores ainda
não conseguiram determinar a
motivação do ataque, e que não
se pode atribuir a responsabilidade ao Taleban paquistanês.
Para autoridades federais, o
incidente foi aparentemente
"isolado", e não há evidências
de uma ameaça crescente à cidade de Nova York.
A secretária de Segurança
Doméstica, Janet Napolitano,
disse que o governo "está tratando o caso como se fosse um
potencial ataque terrorista",
mas que a bomba não era sofisticada e que não há evidências,
por ora, de que não se trate de
um caso isolado.
Ainda assim, a Casa Branca,
ao reagir ao episódio, disse que
era "extremamente grave", nas
palavras do porta-voz presidencial Robert Gibbs.
Na manhã de ontem, outra
ameaça, desta vez em Pittsburgh, interrompeu uma maratona com cerca de 5.000 competidores. Um artefato colocado em um micro-ondas, deixado perto da linha de chegada,
foi considerado suspeito -depois, a polícia descartou que se
tratasse de um explosivo.
Em Nova York, agentes federais trabalharam com a polícia
local para examinar centenas
de horas de imagens gravadas
por câmeras da região.
Até a conclusão desta edição,
um possível suspeito havia sido
identificado -um homem
branco, de cerca de 40 anos,
deixando o local onde o veículo
foi estacionado enquanto removia uma camada de roupa.
Policiais afirmaram ainda saber o nome do dono do carro,
mas mantiveram em sigilo.
Ontem, os ambulantes com
quem a Folha conversou lembraram de outra suspeita terrorista na mesma região, no último dia 30 de dezembro.
A Times Square foi esvaziada
em razão de uma van parada
em local proibido. Uma equipe
antibomba e agentes de contraterrorismo foram acionados. A
polícia usou um robô equipado
com câmera para procurar explosivos -mas, daquela vez, o
veículo tinha apenas roupas.
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