São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2010

Próximo Texto | Índice

Ataque frustrado em área turística alarma Nova York

Homem branco aparentando 40 anos é suspeito por carro-bomba na Times Square

Prefeito diz que dispositivo explosivo era de "fabricação amadora", e ministra afirma que não há, por ora, indícios de que não seja caso isolado

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Depois da explosão malsucedida de uma bomba na Times Square, um dos pontos turísticos mais movimentados de Nova York, no sábado à noite, policiais e agentes federais passaram o dia de ontem à procura de evidências que levem ao autor do atentado frustrado.
Apesar de o Taleban paquistanês ter reivindicado a responsabilidade pela bomba, deixada em um Nissan Pathfinder na rua 45 com a Broadway, por volta das 18h30 (locais) de anteontem, as autoridades dizem não haver indícios suficientes para comprovar essa versão.
A Times Square foi evacuada, na noite de sábado, e teatros, hotéis e restaurantes ficaram isolados durante a madrugada, depois que o veículo estacionado ilegalmente exalou fumaça.
Uma equipe antibombas foi chamada. Identificou gasolina, propano e pólvora no carro, cuja placa estava registrada para outro veículo. Fogos de artifício estavam presos aos galões de gasolina, e dois relógios a bateria estavam conectados ao artefato por pequenos fios.
Investigadores disseram acreditar que os fogos foram acesos, mas não chegaram a explodir. Teriam sido eles os causadores do pequeno incêndio que chamou a atenção de policiais e ambulantes na rua 45.
Ainda na madrugada de domingo, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, disse que se tratava de um carro-bomba com um "dispositivo explosivo" de fabricação "amadora".
Ontem, investigadores examinaram oito sacos de uma substância granulada desconhecida encontrada no Pathfinder. Segundo o chefe de polícia Raymond Kelly, o material, que tem aparência de fertilizante, levanta a hipótese de que houvesse material explosivo na bomba, considerada até a conclusão desta edição apenas incendiária -e, por isso, de menores proporções destrutivas.
"Tivemos sorte por não ter havido detonação", afirmou Kelly. "No meu julgamento, teria causado perdas, uma bola de fogo significativa. Disseram-me que o veículo teria sido cortado ao meio."
O chefe de polícia afirmou que os investigadores ainda não conseguiram determinar a motivação do ataque, e que não se pode atribuir a responsabilidade ao Taleban paquistanês.
Para autoridades federais, o incidente foi aparentemente "isolado", e não há evidências de uma ameaça crescente à cidade de Nova York.
A secretária de Segurança Doméstica, Janet Napolitano, disse que o governo "está tratando o caso como se fosse um potencial ataque terrorista", mas que a bomba não era sofisticada e que não há evidências, por ora, de que não se trate de um caso isolado.
Ainda assim, a Casa Branca, ao reagir ao episódio, disse que era "extremamente grave", nas palavras do porta-voz presidencial Robert Gibbs.
Na manhã de ontem, outra ameaça, desta vez em Pittsburgh, interrompeu uma maratona com cerca de 5.000 competidores. Um artefato colocado em um micro-ondas, deixado perto da linha de chegada, foi considerado suspeito -depois, a polícia descartou que se tratasse de um explosivo.
Em Nova York, agentes federais trabalharam com a polícia local para examinar centenas de horas de imagens gravadas por câmeras da região.
Até a conclusão desta edição, um possível suspeito havia sido identificado -um homem branco, de cerca de 40 anos, deixando o local onde o veículo foi estacionado enquanto removia uma camada de roupa. Policiais afirmaram ainda saber o nome do dono do carro, mas mantiveram em sigilo.
Ontem, os ambulantes com quem a Folha conversou lembraram de outra suspeita terrorista na mesma região, no último dia 30 de dezembro.
A Times Square foi esvaziada em razão de uma van parada em local proibido. Uma equipe antibomba e agentes de contraterrorismo foram acionados. A polícia usou um robô equipado com câmera para procurar explosivos -mas, daquela vez, o veículo tinha apenas roupas.


Próximo Texto: Saiba mais: Grupo assume ataques que não cometeu
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.