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São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Na sua primeira visita à região, presidente discutirá plano de paz e Iraque; cúpula com Mazen e Sharon é amanhã

Bush se reúne com líderes árabes no Egito

J. Scott Applewhite/Associated Press
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, recebe o presidente dos EUA, George W. Bush, no aeroporto de Sharm el Sheikh (Egito)


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, desembarcou ontem em Sharm el Sheikh, no Egito, onde participa hoje de encontro com líderes árabes em busca de apoio para o plano de paz israelo-palestino e para discutir a situação do Iraque. É a primeira vez, desde que assumiu o cargo, em 2001, que Bush visita o Oriente Médio.
Amanhã o presidente americano segue para Ácaba, na Jordânia, onde será realizada cúpula de paz com a presença dos premiês israelense, Ariel Sharon, e palestino, Abu Mazen.
No balneário egípcio estarão presentes os governantes da Arábia Saudita, do Bahrein, do Egito e da Jordânia, além de Mazen.
"O encontro é importante para deixar claro que as lideranças árabes apóiam o novo plano de paz e os esforços do presidente nesse sentido", disse o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, que também está no Egito. Ele acrescentou que espera que os líderes árabes condenem o terrorismo e apóiem o premiê palestino.
Bush disse antes de embarcar para o Egito que o processo de paz será difícil e que todas as partes precisam assumir as suas responsabilidades no Oriente Médio.
Os líderes árabes devem pressionar Bush a utilizar a força dos EUA para obrigar Israel a cumprir a sua parte no plano. Segundo os árabes, Sharon apenas aceitou o plano após os americanos dizerem que suas reservas a ele seriam consideradas.
O encontro está sendo visto como um teste para as reais intenções dos EUA na região. Nabil Osman, porta-voz do presidente egípcio, Hosni Mubarak, disse que "a imagem americana na área está desgastada. Se os EUA estão interessados em melhorar a imagem, agora têm uma oportunidade para tomar medidas concretas".
No encontro em Ácaba, israelenses e palestinos devem fazer declarações separadas. Os israelenses devem dizer que os assentamentos ilegais serão desmantelados. Israel considera ilegais apenas colônias construídas à revelia do governo. Para os palestinos e a comunidade internacional, todos os assentamentos são ilegais.
O vice-ministro da Defesa de Israel, Zeev Boim, disse ontem que dez assentamentos "flagrantemente ilegais" devem ser removidos, segundo o diário "Haaretz".
Ao todo há 102 assentamentos ilegais, sendo 16 deles desabitados, segundo o grupo pacifista Paz Agora. Cerca de 230 mil colonos vivem em Gaza e Cisjordânia.
Sharon enfrenta oposição ao plano dentro de seu gabinete. O ex-premiê e atual ministro das Finanças, Binyamin "Bibi" Netanyahu, disse que não acompanhará Sharon em Ácaba.
Os palestinos precisam fazer uma declaração inequívoca de que a violência contra israelenses deve ser interrompida. Mazen está negociando um cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas.
Israel e os EUA afirmam que apenas o cessar-fogo não é suficiente. O plano de paz prevê que a ANP (Autoridade Nacional Palestina) desmantele os grupos terroristas, confisque suas armas e prenda seus membros. Analistas afirmam que isso poderia levar a uma guerra civil palestina. Há relatos de que Mazen pode tentar absorver os grupos nas forças de segurança da ANP.
Segundo uma importante autoridade israelense, Sharon aceitaria o cessar-fogo até que as forças de segurança palestinas fossem reorganizadas por Mazen para combater o terrorismo.
O plano de paz, proposto por EUA, União Européia, Rússia e ONU, prevê a criação de um Estado palestino em 2005.
Em iniciativa para abrandar a situação dos palestinos, Israel concedeu permissão para que 10 mil trabalhadores palestinos entrem em Israel. Tayseer Khaled, importante liderança da executiva da OLP (Organização pela Libertação da Palestina), foi solto ontem da prisão por Israel, que deve soltar mais palestinos após o encontro. Espera-se também que Mazen condene o terrorismo após a cúpula, que pode ter uma declaração conjunta ao seu final.

Justiça
A Justiça de Israel decidiu processar o rabino Yitzhak Ginzburg por suas afirmações em livro comparando os árabes a um câncer. Ele defende que apenas judeus devem viver em Israel.

Com agências internacionais


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