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São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2003

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EUA trabalham nos bastidores por sucesso de plano

JAMES BENNET
DO "NEW YORK TIMES" EM JERUSALÉM

Em busca de resultados concretos no encontro na Jordânia amanhã, autoridades americanas estão trabalhando nos bastidores para assegurar que israelenses e palestinos concordem com as declarações oficiais que cada um dos dois lados terá de fazer sobre as suas obrigações na primeira etapa do novo plano de paz.
As declarações devem servir de ponto de partida para a implementação do plano de paz, além de ser o principal resultado do encontro entre o presidente dos EUA, George W. Bush, com os premiês israelense, Ariel Sharon, e palestino, Abu Mazen.
As autoridades americanas querem que Israel faça uma declaração mais detalhada do que a que está prevista.
Sharon teria de pedir o fim da ocupação da Cisjordânia e da faixa de Gaza, iniciada após a guerra árabe-israelense de 1967, e precisaria se comprometer com o esvaziamento dos assentamentos que não foram implantados pelo governo israelense e sim por colonos judeus clandestinamente -os palestinos e a comunidade internacional consideram todos os assentamentos ilegais. Sharon tem rejeitado esse pedido.
Para os israelenses, uma declaração dessas causaria problemas políticos a Sharon. Poderia até mesmo interferir na capacidade de Sharon de levar adiante a implementação do plano.
Porém, em reunião de gabinete no domingo, Sharon disse a seus ministros, muito deles identificado com os colonos judeus, que esse tema talvez faça parte da declaração, segundo informou uma autoridade israelense.
As palavras que serão utilizadas na declaração israelense ainda estão em negociação. Autoridades familiarizadas com a discussão dizem que Sharon deve endossar a idéia de dois Estados, "um israelense e outro palestino, vivendo lado a lado em paz e segurança".
Em vez da palavra "ocupação", Sharon estaria disposto a utilizar uma frase de declaração anterior, segundo uma autoridade: "Israel não pode governar outro povo".

Direito de retorno
Já os palestinos não precisarão incluir em sua declaração uma menção ao direito de Israel de existir como "um Estado judeu", conforme queriam autoridades israelenses. Dessa forma, Israel buscava minar qualquer tentativa palestina de discutir o direito de retorno dos refugiados palestinos e seus descendentes [o que eliminaria o caráter judeu de Israel]. Mas os EUA não cederam à exigência israelense.
O direito de retorno, assim como outros temas delicados das negociações, está previsto para ser debatido só na terceira etapa da implementação do plano.
Na declaração palestina, Mazen deverá pedir um cessar-fogo incondicional [dos grupos terroristas], o fim do incitamento à violência contra israelenses e o reconhecimento do direito de Israel de existir, mas não especificamente como Estado judeu. Os palestinos, por conta própria, devem mencionar o sofrimento dos judeus ao longo da história, disseram autoridades palestinas.
A declaração palestina já estaria pronta, de acordo com o ministro do Trabalho, Ghassan Khatib. "Finalizamos o trabalho com os americanos", disse.
A declaração de Sharon ainda está sendo elaborada. Os israelenses ainda tentam eliminar a menção ao desmantelamento de assentamentos ilegais.
No encontro de amanhã, Bush se reunirá primeiramente em separado com Mazen e Sharon. Depois haverá um encontro entre os três. As declarações serão feitas no final.


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