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DIREITOS HUMANOS
Auditoria do Departamento da Justiça diz que os estrangeiros ficaram detidos tempo demais sem acusação
EUA admitem abuso de suspeitos de terror
DA REUTERS, EM WASHINGTON
Estrangeiros detidos nos EUA
como parte da investigação sobre
os ataques de 11 de setembro de
2001 foram mantidos detidos por
tempo demais sem acusação e sujeitos a condições de detenção
"excessivamente duras". A conclusão é de uma auditoria do Departamento da Justiça americano,
divulgada ontem.
Realizada pelo inspetor-geral
do departamento, a auditoria
constatou "problemas significativos" no tratamento dado aos 762
estrangeiros detidos por violação
das leis de imigração durante a investigação dos atentados.
"Embora nossa auditoria tenha
reconhecido os enormes desafios
e as circunstâncias difíceis com as
quais o departamento se defrontou ao reagir aos ataques, constatamos problemas significativos",
disse o inspetor-geral, Glenn Fine.
O relatório, de 198 páginas, focaliza principalmente os centros
de detenção no Brooklyn, em Nova York, e em Paterson, Nova Jersey.
De acordo com o relatório, o
FBI não fez grande esforço para
distinguir entre estrangeiros alvos
de investigação por terrorismo e
estrangeiros com os quais os
agentes topavam por acaso enquanto rastreavam uma pista.
"O FBI deveria ter tomado mais
cuidado para distinguir entre estrangeiros realmente suspeitos de
terem algum vínculo com o terrorismo e aqueles que, mesmo que
possivelmente fossem culpados
de violar as leis federais de imigração, não tinham qualquer conexão com o terrorismo", disse.
O relatório diz que as autoridades de imigração não informaram
aos detidos sobre as acusações
que lhes eram feitas dentro dos
prazos normais, afetando sua capacidade de compreender por
que estavam sendo detidos e limitando sua possibilidade de obter
advogados.
Além disso, o Departamento da
Justiça implementou uma política
de manter os detidos sob custódia
até que fossem liberados pelo FBI.
"A política se baseava na idéia
-que acabou revelando ser equivocada- de que o processo de liberação pelo FBI seria rápido",
diz o relatório. A liberação acabou
levando, em média, 80 dias.
Além disso, os presos foram
mantidos trancados em suas celas
por pelo menos 23 horas por dia,
levados de um lugar a outro apenas algemados e com grilhões nas
pernas, só podiam dar um telefonema por semana a seu advogado
e um telefonema social por mês.
Na prisão do Brooklyn, as autoridades conservavam duas luzes
acesas nas celas dia e noite e submetiam os presos a abusos verbais e físicos.
Entre os que ficaram detidos
sem acusação estava o brasileiro
Khaled Darwich, 21. Filho de egípcios e vivendo em Memphis (Tennessee), Darwich foi levado para a
prisão em 20 de setembro de 2001,
suspeito de envolvimento com os
terroristas que cometeram os
atentados. Permaneceu dez meses
preso, mas nada foi provado contra ele. "Sofri tortura psicológica.
Deixavam-me só, não davam comida, me faziam passar frio", disse, após ter sido deportado para o
Brasil, em julho passado.
Colaborou a Redação
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