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NEGÓCIOS
Empresas poderão deter meios diferentes na mesma cidade; medida favorece "elite", diz democrata
EUA aprovam maior concentração na mídia
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Os EUA aprovaram ontem a
maior mudança em décadas para
as regras de controle da mídia no
país. A FCC (sigla em inglês para
Comissão Federal de Comunicação) decidiu, por 3 votos a 2, relaxar as atuais restrições para que
emissoras de TV e de rádio, provedores de internet e jornais ampliem seus negócios e a abrangência de cobertura nos principais
mercados dos EUA.
No limite, uma única companhia poderá ter, na mesma cidade, três emissoras de TV, oito estações de rádio, um sistema de TV
a cabo, um provedor de internet e
um jornal impresso. Antes, havia
restrição à chamada "propriedade cruzada", com uma empresa
operando um jornal e uma emissora de TV no mesmo local.
Foi ampliado também de 35%
para 45% do total da população
americana o limite de público que
pode ser alcançado agora por
emissoras de TV de um mesmo
grupo. Também foi relaxada a
proibição de uma única empresa
possuir mais de uma emissora de
TV em uma mesma cidade.
"Nossa decisão vai permitir um
aumento da diversidade e um reforço ao "localismo" da mídia",
disse o presidente da FCC, Michael Powell, ao explicar as mudanças -que contaram com três
votos republicanos a favor e dois
democratas contra.
O democrata Michael Copps
criticou a medida e disse que a
"elite da mídia" passará a controlar cada vez mais a área no país.
Ontem, as ações das maiores
empresas do setor tiveram altas
expressivas em Nova York.
Críticos da medida dizem que a
decisão tende a levar a um "gigantismo" na mídia que eliminará o
espaço para minorias, associações
religiosas e organizações como a
NRA (National Rifle Association,
o lobby americano pró-armas de
fogo), que se diz perseguida pela
imprensa. A própria FCC recebeu
milhões de e-mails, cartas e telefonemas contrários à decisão.
Como são esperadas várias
ações judiciais de grupos de direitos do consumidor, muitos esperam que os negócios entre empresas comecem imediatamente.
Andrew Schwartzman, presidente da Media Access Project,
entidade sem fins lucrativos que
representa grupos de direitos civis e sindicatos na área de comunicação nos EUA, por exemplo,
diz esperar "uma onda de fusões"
a partir de agora.
Um dos principais alvos das críticas contra a decisão, externadas
nos últimos dias em páginas inteiras de anúncio nos principais jornais dos EUA, é o empresário australiano Rupert Murdoch.
Dono do grupo News Corp., ele
possui nos EUA a Fox (canais de
notícias e entretenimento e os estúdios de cinema), o jornal "New
York Post" e vários outros jornais
e emissoras menores. Atualmente, ele negocia ainda a compra da
Direct TV, o maior provedor de
TV por satélite nos EUA.
Boa parte das regras relaxadas
ontem entraram em vigor em
1941 e visavam encorajar a competição entre os meios de comunicação. A partir de 1996, a FCC
deveria reavaliar as regras a cada
dois anos. Ontem, pela primeira
vez, introduziu as mudanças.
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