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Reação do Brasil traz surpresa a venezuelano
Em nota, Lula pediu que embaixador se explicasse
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
Hugo Chávez, ficou surpreso
com a reação da diplomacia
brasileira a suas críticas ao
Congresso, a propósito da não-renovação da licença da RCTV.
Essa avaliação chegou, sem
maiores detalhes, à delegação
brasileira que partiu ontem de
Londres para a Índia, chefiada
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nem o Itamaraty nem a Presidência escondiam a torcida
para que a surpresa de Chávez
não se transformasse em réplica à nota oficial divulgada pelo
Itamaraty na sexta, expressando repúdio aos comentários do
venezuelano -Chávez dissera
que o Congresso brasileiro era
"papagaio" do americano por
emitir um requerimento sobre
o fim da licença à RCTV.
No fim do dia, no entanto, o
venezuelano voltaria a mirar o
Legislativo brasileiro, embora
não tenha citado a nota do Itamaraty. Antes do novo ataque,
a avaliação da diplomacia brasileira era a de que uma réplica
elevaria o tom de um confronto
verbal, que, para o chanceler
Celso Amorim, até então não
existia. O que havia, disse Amorim, eram "arroubos verbais,
que, como todos os arroubos
verbais, podem refluir". Mas,
acrescentou, é preciso "contenção de todos", o que mostra a
torcida para que Chávez não levasse avante a troca de críticas.
Amorim contou também que
o embaixador Rui Nogueira,
chanceler interino, lhe telefonara para dizer que levara a
mensagem do Itamaraty ao
embaixador da Venezuela no
Brasil, Julio García Montoya,
com "a força que corresponde".
Amorim mostra extremo
cuidado ao comentar o assunto.
Tanto que repete, sempre, o
termo "supostas declarações"
ou "declarações atribuídas" a
Chávez, como se elas não tivessem sido de fato feitas. O chanceler sabe que foram porque,
para redigir a nota de repúdio,
foram cotejadas diferentes notícias sobre o tema.
O governo brasileiro fez também saber a Chávez que não era
da conveniência dele levar
avante o tiroteio verbal com o
Brasil, um dos poucos países latino-americanos de importância com o qual a relação não vinha enfrentando conflitos.
Chávez já se atritou com Alan
García (Peru), Álvaro Uribe,
(Colômbia), Vicente Fox (ex-presidente do México), José
Miguel Insulza, secretário-geral da Organização dos Estados
Americanos e membro do Partido Socialista chileno, no poder. Causou ainda embaraços a
Tabaré Vázquez (Uruguai) e
Néstor Kirchner (Argentina).
A diplomacia brasileira esperava de Chávez a mesma contenção mostrada no caso do
etanol, quando o venezuelano
criticara os biocombustíveis
mas, depois, anunciou a compra de álcool do Brasil.
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