Mudanças em gabinete britânico, que ocorrerão nos próximos dias, são fruto de escândalo de mau uso de verbas

Ministra do Interior pagou filmes pornográficos para o marido com verba pública; as outras saídas são vistas como fuga de "naufrágio"

DA REDAÇÃO

A ministra do Interior do Reino Unido, Jacqui Smith, e outros dois ministros britânicos divulgaram indiretamente pela imprensa ontem que devem renunciar aos seus cargos. Os principais jornais do país citavam integrantes do governo, ligados aos ministros, como fonte das informações.
A expectativa é que Smith deixe o gabinete do primeiro-ministro Gordon Brown entre o final dessa semana e o início da semana que vem, logo após as eleições para o Parlamento europeu.
O premiê britânico já anunciara que pretendia fazer uma reforma, nesse período, na composição de seu governo, fortemente afetado pelo escândalo de malversação de verbas parlamentares.
Os outros dois ministros a indicar que deixarão suas pastas foram Tom Watson, chefe de gabinete, e Beverley Hughes, ministra das Famílias. Citando Watson, o jornal "Financial Times" descreveu as deserções como tentativas de se abandonar um navio que afunda.
O escândalo de mau uso de verbas públicas por parlamentares em gastos fúteis ou irregulares envolve políticos de todos os partidos, embora o Trabalhista, de Brown, tenha sido o mais afetado eleitoralmente.
Pesquisas indicam vitória do Partido Conservador nas próximas eleições gerais, a princípio programadas para 2010. Espera-se para a semana que vem, no entanto, a apresentação de uma nova moção, no Parlamento, pedindo a antecipação das eleições para este ano, apoiada pelos conservadores.
A principal razão apontada para a saída da ministra do Interior foi o fato de ter sido "humilhada", segundo expressão do diário "Daily Telegraph", pela revelação de que incluiu em despesas a serem pagas pelo Parlamento o aluguel, por seu marido, de dois filmes pornográficos em canais a cabo.
O marido, que é empregado como assessor por Smith, recebeu recentemente um telefone celular de presente de sua mulher -cujo custo também foi incluído em despesas a serem pagas pelos cofres públicos.
A imprensa britânica ontem também apostava na saída de Alistair Darling, ministro das Finanças, ou sua transferência para outra pasta como resultado da reforma do gabinete esperada de Brown.
Ele havia pedido desculpas, na véspera, por ter usado o auxílio-moradia do Parlamento para custear um imóvel que alugou para uma terceira pessoa. Uma das alternativas cogitadas por analistas era a de transferir Darling, que disse não ter intenção de deixar o cargo, para a função de Smith, o Ministério do Interior.