São Paulo, quarta-feira, 03 de junho de 2009

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Mundo sabe pouco sobre filho escolhido para suceder Kim

Maior parte das informações sobre Kim Jong-un vem de um sushiman que trabalhou para o governo norte-coreano

Caçula foi escolhido após irmãos terem decepcionado ditador; analistas acreditam que poder real ficará com homens fortes do regime


DO "FINANCIAL TIMES"

Dada a importância geopolítica da Coreia do Norte -um país instável e dotado de armas nucleares e de um Exército com 1 milhão de soldados-, o conhecimento que o mundo tem sobre Kim Jong-un, o filho mais novo do ditador Kim Jong-il e seu provável sucessor como líder da nação, é embaraçosamente escasso.
O homem que pode ter de enfrentar a fome que assola uma população de 24 milhões de habitantes estudou, ao que se sabe, em um colégio interno na Suíça e está na casa dos 20 anos, em uma sociedade na qual a experiência é tudo.
Dennis Wilder, assessor do ex-presidente americano George W. Bush para assuntos asiáticos, diz que os EUA dispõem de muito pouca informação sobre o jovem Kim. A mais recente foto conhecida, por exemplo, o mostra ainda criança.
Wilder acrescenta que a maior parte das informações disponíveis sobre Kim Jong-un provém das memórias de Kenji Fujimoto, um sushiman japonês que trabalhava para Kim Jong-il e retratou o jovem como agressivo, especialmente nas quadras de basquete.
Agentes dos serviços de inteligência da Coreia do Sul confirmaram ontem que Kim Jong-un precedia seus dois irmãos mais velhos nas preferências de sucessão, e que as Forças Armadas, o Legislativo e as embaixadas do Estado comunista lhe juraram lealdade. Isso parece lógico, se considerarmos as reputações de seus dois irmãos mais velhos.
Kim Jong-nan, o mais velho, é figura conhecida nas mesas de jogo de Macau e incorreu na ira paterna ao tentar visitar a Disneylândia japonesa com um passaporte falso.
Fujimoto, que fugiu de volta para o Japão a fim de escrever suas memórias, descreve Kim Jong-chol, o filho do meio, eufemisticamente como "feminino", em referência a uma suposta experiência com medicamentos que ele teria usado a fim de ganhar musculatura para praticar esportes. Os efeitos colaterais foram arrepiantes.
No livro, Fujimoto diz que o ditador se orgulha muito de Kim Jong-un, o filho que mais se parece com ele fisicamente.
Fujimoto afirma que a verdadeira paixão de Kim Jong-un é o basquete. O cozinheiro relata que ele era altamente competitivo em quadra e que comandava os demais jogadores como se fosse seu técnico.
Como todos os filhos de Kim Jong-il, ao que se sabe ele teria sido educado em escolas internacionais exclusivas na Suíça.
Há informações de que os meninos foram registrados, sob pseudônimos, como filhos de motoristas da embaixada norte-coreana. Kim Jong-nan fala inglês fluentemente e costuma conversar amistosamente com jornalistas. A suposição é de que Kim Jong-un tenha talento semelhante para idiomas.
A provável chegada de Kim Jong-un ao poder diferirá bastante da de seu pai. Kim Jong-il, que teria sofrido um derrame no ano passado, já era visto como herdeiro uma década antes da morte do pai, Kim Il-sung, em 1994.
É improvável que Kim Jong-il coloque seu filho mais novo na arena política desacompanhado. O líder também promoveu seu cunhado Chang Sung-taek, um astuto veterano da política em geral visto como o mentor de Kim Jong-un.
Os analistas costumam comentar que independentemente de quem venha a ser a figura de fachada do próximo governo da Coreia do Norte, os homens fortes do regime, como Chang, tomarão as decisões realmente importantes.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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