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Mundo sabe pouco sobre filho escolhido para suceder Kim
Maior parte das informações sobre Kim Jong-un vem de um sushiman que trabalhou para o governo norte-coreano
Caçula foi escolhido após irmãos terem decepcionado ditador; analistas acreditam que poder real ficará com homens fortes do regime
DO "FINANCIAL TIMES"
Dada a importância geopolítica da Coreia do Norte -um
país instável e dotado de armas
nucleares e de um Exército
com 1 milhão de soldados-, o
conhecimento que o mundo
tem sobre Kim Jong-un, o filho
mais novo do ditador Kim
Jong-il e seu provável sucessor
como líder da nação, é embaraçosamente escasso.
O homem que pode ter de enfrentar a fome que assola uma
população de 24 milhões de habitantes estudou, ao que se sabe, em um colégio interno na
Suíça e está na casa dos 20 anos,
em uma sociedade na qual a experiência é tudo.
Dennis Wilder, assessor do
ex-presidente americano George W. Bush para assuntos asiáticos, diz que os EUA dispõem
de muito pouca informação sobre o jovem Kim. A mais recente foto conhecida, por exemplo,
o mostra ainda criança.
Wilder acrescenta que a
maior parte das informações
disponíveis sobre Kim Jong-un
provém das memórias de Kenji
Fujimoto, um sushiman japonês que trabalhava para Kim
Jong-il e retratou o jovem como agressivo, especialmente
nas quadras de basquete.
Agentes dos serviços de inteligência da Coreia do Sul confirmaram ontem que Kim
Jong-un precedia seus dois irmãos mais velhos nas preferências de sucessão, e que as Forças Armadas, o Legislativo e as
embaixadas do Estado comunista lhe juraram lealdade. Isso
parece lógico, se considerarmos as reputações de seus dois
irmãos mais velhos.
Kim Jong-nan, o mais velho,
é figura conhecida nas mesas
de jogo de Macau e incorreu na
ira paterna ao tentar visitar a
Disneylândia japonesa com um
passaporte falso.
Fujimoto, que fugiu de volta
para o Japão a fim de escrever
suas memórias, descreve Kim
Jong-chol, o filho do meio, eufemisticamente como "feminino", em referência a uma suposta experiência com medicamentos que ele teria usado a
fim de ganhar musculatura para praticar esportes. Os efeitos
colaterais foram arrepiantes.
No livro, Fujimoto diz que o
ditador se orgulha muito de
Kim Jong-un, o filho que mais
se parece com ele fisicamente.
Fujimoto afirma que a verdadeira paixão de Kim Jong-un é
o basquete. O cozinheiro relata
que ele era altamente competitivo em quadra e que comandava os demais jogadores como se
fosse seu técnico.
Como todos os filhos de Kim
Jong-il, ao que se sabe ele teria
sido educado em escolas internacionais exclusivas na Suíça.
Há informações de que os meninos foram registrados, sob
pseudônimos, como filhos de
motoristas da embaixada norte-coreana. Kim Jong-nan fala
inglês fluentemente e costuma
conversar amistosamente com
jornalistas. A suposição é de
que Kim Jong-un tenha talento
semelhante para idiomas.
A provável chegada de Kim
Jong-un ao poder diferirá bastante da de seu pai. Kim Jong-il, que teria sofrido um derrame
no ano passado, já era visto como herdeiro uma década antes
da morte do pai, Kim Il-sung,
em 1994.
É improvável que Kim Jong-il coloque seu filho mais novo
na arena política desacompanhado. O líder também promoveu seu cunhado Chang Sung-taek, um astuto veterano da política em geral visto como o
mentor de Kim Jong-un.
Os analistas costumam comentar que independentemente de quem venha a ser a figura de fachada do próximo governo da Coreia do Norte, os
homens fortes do regime, como
Chang, tomarão as decisões
realmente importantes.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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