São Paulo, sexta-feira, 03 de junho de 2011 |
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Surto é causado por tipo "supertóxico" e inédito de bactéria Segundo cientistas e a OMS, mutação altamente letal e resistente a antibióticos é responsável pelas infecções Mortos já chegam a 19, sendo 18 na Alemanha, centro do surto; número de infectados na Europa e EUA é de quase 2.000 CAROLINA VILA-NOVA EM BERLIM O surto infeccioso que já matou 19 pessoas e deixou perto de 2.000 doentes na Europa está sendo provocado por variedade inédita e "supertóxica" da bactéria Escherichia coli (E.coli), disseram cientistas e a OMS (Organização Mundial da Saúde). A infecção continua a se alastrar: são 11 os países atingidos. Ontem, o Reino Unido confirmou os seus sete primeiros casos. Três são britânicos que estiveram na Alemanha, e os demais são alemães. Com 18 mortos, a Alemanha é o centro do surto. Cientistas da laboratório de biotecnologia BGI, na China, e do Centro Médico Universitário de Hamburgo-Eppendorf (UKE), na Alemanha, fizeram em conjunto um mapeamento genético preliminar da bactéria. Eles detectaram uma mutação de duas formas distintas da E.coli, com genes altamente letais, resistentes a antibióticos e que produzem a chamada síndrome hemolítico-urêmica (HUS, em inglês), causa de complicação renal. "Trata-se de variante que nunca havia sido isolada em pacientes", disse Hilde Kruse, especialista em segurança de alimentos da OMS. Segundo ela, a bactéria contém "várias características que a tornam mais virulenta e a fazem produzir mais toxinas". Segundo o UKE, cerca de 30% de pessoas infectadas desenvolveram sintomas de HUS, o que é considerado uma proporção altíssima- o usual é entre 5% e 10%. Autoridades da região de Hamburgo, no norte da Alemanha, onde o surto teve início, chegaram a apontar pepinos de origem espanhola como fonte da infecção. Mas testes praticamente descartaram a suspeita. Agora, alemães admitem que não só não fazem ideia de qual seja a origem da infecção como acham que nunca vão descobri-la. "Talvez nunca encontremos a fonte exata", afirmou Reinhard Burger, chefe do Instituto Robert Koch, a agência alemã de controle de doenças. "Tamanho número de casos severos significa que houve imensa contaminação em algum momento", disse Denis Coulombier, chefe do Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças. "Isso pode ter acontecido em qualquer ponto da cadeia entre a fazenda e o garfo -no transporte, no empacotamento, na limpeza, na distribuição ou nas lojas." Permanece a recomendação de que se evite a ingestão de legumes e hortaliças crus. A Rússia decidiu proibir a importação de todos os tipos de vegetais frescos vindos da União Europeia, que qualificou a decisão de "desproporcional". Já vigorava um veto russo a legumes da Espanha e da Alemanha. BRASIL A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que está monitorando a situação e por ora não tomará nenhuma medida adicional em relação aos legumes vindos da Espanha. O Itamaraty também informou que, no momento, não vê necessidade de uma recomendação sobre o caso. Colaborou ANGELA PINHO, de Brasília Próximo Texto: Berlim rejeita pânico e paranoia, mas vendas agrícolas têm queda Índice | Comunicar Erros |
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