São Paulo, sexta-feira, 03 de junho de 2011 |
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Família de garoto sírio sofreu represália Ativista relata à Folha como vídeo de Hamza al Khatib, 13, chegou à internet e provocou uma comoção mundial Morte será principal mote de protestos que estão marcados para hoje contra o ditador do país, Bashar Assad CAROLINA MONTENEGRO DE SÃO PAULO A morte violenta do menino sírio Hamza al Khatib, 13, tornou-se símbolo da revolução síria graças a uma articulada rede de ativistas on-line. A "The Syrian Revolution 2011" reúne no Facebook 195 mil membros. Um de seus organizadores, Abdulsattar Attar, disse ontem à Folha que a imagem do corpo de Hamza mutilado foi divulgada após ter sido enviada pela família na Síria. "Recebemos as imagens por e-mail e levamos alguns dias para divulgá-las na internet. Mostramos para conhecidos especialistas em direitos humanos. Eles nos disseram que eram boas evidências criminais, que podíamos usá-las para denunciar a tortura na Síria", contou à Folha por telefone, desde a Bélgica, onde vive exilado. Detido pelas forças do ditador Bashar Assad em 29 de abril, o garoto foi torturado. Seu corpo, devolvido à família, em Jizah, tinha sinais claros de violência. As imagens mostrando os ferimentos de bala, olhos roxos e marcas de chibatadas, primeiro divulgadas na internet, foram rapidamente reproduzidas por canais árabes, como a Al Jazeera. Hamza virou símbolo da revolta e agora centenas empunham fotos de seu rosto em cartazes nos protestos. Também deve ajudar a engrossar um protesto maciço hoje em toda a Síria. O movimento está sendo chamado de "Children's Friday" (Sexta-feira das Crianças). "Será uma marcha de liberdade. Esperamos grandes protestos. A cada sexta-feira os protestos aumentam e as pessoas perdem o medo. Querem que o regime caia", afirma Attar. O governo sírio prometeu investigar a morte. Segundo o ativista, o e-mail com o vídeo foi enviado de forma anônima e indireta, e o grupo só soube que a família de Hamza havia sido a autora depois, por causa da repercussão. TERROR "A família do menino foi detida após as imagens passarem na TV. Três dias depois, apareceram na emissora estatal síria, em uma entrevista arranjada. Falaram bem sobre o governo sírio e disseram que o país está tranquilo. Dentro da Síria, é tudo terror. Agora não conseguimos mais entrar em contato com a família de Hamza, há forças de segurança na casa deles," explica Attar. A rede de ativistas tem cerca de 400 pessoas, muitos vivendo incógnitos na Síria. Outros ficam na Europa e no Oriente Médio. São jovens jornalistas, ativistas e advogados. Eles mantêm contato diário via e-mail, Skype e telefones de satélite. Testemunhas também denunciaram a morte de um menino de 10 anos e uma menina de 4 anos, em Homs. Ontem, a representante da ONU para as Crianças e os Conflitos Armados, Radhika Coomaraswamy, chamou as mortes na Síria de "crime" e pediu que as crianças fiquem longe dos protestos. Texto Anterior: Análise: "Personalidade promíscua" da bactéria está na origem de mutações virulentas Próximo Texto: Iêmen: Enviado dos EUA tentará negociar saída de ditador Índice | Comunicar Erros |
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