São Paulo, sexta-feira, 03 de junho de 2011 |
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ANÁLISE "Personalidade promíscua" da bactéria está na origem de mutações virulentas CLAUDIO ANGELO DE BRASÍLIA A pequena, ordinária e acima de tudo promíscua Escherichia coli está tendo seus 15 minutos de fama graças a um conjunto de mutações que produziu a cepa letal da Europa. Mas, antes de aprontar a maldade com seres humanos, a bactéria teve de aguentar calada muito desaforo. A E. coli, como é conhecida, é o principal organismo de pesquisa biotecnológica. Ela tem seu DNA manipulado sem dó para produzir insulina e outras drogas de interesse da humanidade. É cultivada e vendida aos bilhões a laboratórios. É usada em testes de contaminação de água por fezes (daí a palavra "coliforme fecal"). E seus cromossomos, picados e emendados, permitiram sequenciar o genoma humano. Essa versatilidade se deve, entre outras coisas, à promiscuidade da E. coli. Por meio de um anel de DNA, o plasmídeo, que salta de bactéria a outra, a E. coli pode contrabandear material genético a bactérias que não são parentes e incorporar genes de outros organismos, como vírus. Esse mecanismo é chamado transferência horizontal de genes, e é a base da moderna indústria da biotecnologia (que nos deu vacinas e alimentos transgênicos). Mas a mesma "personalidade" que a torna útil aos geneticistas cria cepas virulentas, como a que causou um surto nos EUA em 2006 e o da Europa neste ano. A E. coli absorve facilmente por transferência horizontal genes resistentes a antibióticos e genes de produção de toxinas. A análise genômica da linhagem que assusta a Europa também mostrou que ela resiste ao telúrio, elemento usado como antimicrobiano em laboratórios e na indústria eletrônica, cada vez mais presente em solos e água. Texto Anterior: Berlim rejeita pânico e paranoia, mas vendas agrícolas têm queda Próximo Texto: Família de garoto sírio sofreu represália Índice | Comunicar Erros |
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