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Israelenses expressam ceticismo e cautela em relação ao cessar-fogo
GREG MYRE
DO "NEW YORK TIMES, EM JERUSALÉM
Se você caminha pela rua Jaffa, a
deteriorada artéria comercial que
corta o centro de Jerusalém Ocidental, raramente encontra um
quarteirão que não tenha sofrido
um atentado a bomba palestino.
Caso pergunte aos israelenses
que trabalham, fazem compras e
tomam ônibus na rua se eles têm
fé na declaração de trégua dos palestinos, quase todos expressam
um pessimismo que, às vezes, parece contradizer os vislumbres de
esperança dos últimos dias.
"Todo mundo está falando sobre uma trégua, mas isso não passa de besteira", disse Yona Assaf,
professora. Apesar de pensar que
os ataques palestinos persistirão,
Assaf se recusa a alterar sua rotina. Ela estava saindo de um almoço na pizzaria Sbarro, onde, há
dois anos, um suicida matou 15
pessoas, incluindo um brasileiro.
"Entendo que as pessoas que vivem muito longe daqui acreditem
que israelenses e palestinos devam conversar e fazer as pazes.
Mas, se vive aqui, você não pode
fugir da verdade. E creio que a
verdade seja que não haverá paz."
Líderes israelenses e palestinos
endossaram a iniciativa de paz, e
tudo indica que a maioria dos cidadãos de ambos os lados deseje
que o novo acordo funcione. Mas
o apoio parece se basear mais na
eterna esperança e na total exaustão diante do atual conflito do que
numa convicção genuína de que
os dois lados encontraram a fórmula mágica para a paz.
Uma pesquisa de opinião divulgada nesta semana mostra que
61% dos israelenses e 56% dos palestinos apóiam o novo plano de
paz. Mas só 40%, de ambos os lados, crêem que o cessar-fogo venha a conduzir a uma solução política. E só 18% dos palestinos e
6% dos israelenses pensam que a
violência cessará totalmente.
O trecho mais ativo da rua Jaffa
passou por maior número de ataques sérios do que qualquer outra
porção de Israel nos 33 meses de
revolta palestina. Os terroristas
palestinos executaram nove atentados suicidas a bomba e um
atentado suicida a tiros -e explodiram diversos carros-bomba-
na rua Jaffa e em ruas vizinhas.
O mais recente atentado suicida
na rua matou 17 civis em um ônibus lotado, em 11 de junho. Pétalas de rosa esmaecidas e velas derretidas compõem um memorial
informal na calçada, espremido
entre dois pontos de ônibus que
voltaram a estar lotados.
Os ônibus lotados e o tráfego incessante de pedestres fazem da
rua um alvo óbvio, bem como sua
proximidade dos bairros árabes
de Jerusalém Oriental. Se a trégua
acabar com os ataques, Jaffa será
uma das áreas mais beneficiadas,
mas todos aqui estão céticos.
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