|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUROPA
Premiê da Itália, que assumiu a presidência da UE, diz a parlamentar que ele seria perfeito para papel de nazista no cinema
Berlusconi liga deputado alemão a nazismo
DA REDAÇÃO
Conhecido por suas declarações controversas, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, estreou ontem na presidência rotativa da
União Européia (UE) com uma
polêmica criada após ter dito a
um deputado alemão que o questionava que ele poderia fazer o papel de um nazista em um filme.
A declaração de Berlusconi, feita após seu primeiro discurso no
Parlamento europeu, em Estrasburgo, na França, provocou indignação entre os deputados e
constrangimento entre os funcionários da UE, ofuscando a apresentação das prioridades da Itália
para seu exercício da presidência
do bloco, por seis meses.
O governo alemão considerou
as declarações "inaceitáveis" e
chamou o embaixador italiano
em Berlim para pedir explicações.
A polêmica fez crescer as dúvidas sobre a capacidade de Berlusconi de liderar a UE. O premiê, homem mais rico da Itália, está
envolvido em problemas legais
em seu país e é acusado de conflito de interesses -por causa de
seu vasto império de mídia.
A afirmação de Berlusconi veio
em resposta ao líder da bancada
social-democrata alemã, Martin
Schulz, que criticou os problemas
legais do premiê italiano e um comentário de seu ministro das Reformas Institucionais, Umberto
Bossi. Este sugeriu alvejar com canhões os barcos de imigrantes ilegais na costa italiana.
Berlusconi respondeu: "Sr.
Schulz, eu sei que há um produtor
na Itália que está fazendo um filme sobre campos de concentração nazistas. Eu sugiro que o sr.
faça o papel de comandante. Seria
perfeito". A afirmação provocou
revolta entre os 626 deputados do
Parlamento, que expressaram sua
indignação com vaias, gritos e
golpes nas mesas.
O presidente do Parlamento,
Pat Cox, pediu a Berlusconi que
retirasse o comentário. Diante da
recusa do premiê italiano, ele encerrou o debate. Cox disse que os
comentários causaram "uma sensação de grande ofensa". Berlusconi interrompeu Cox com golpes na mesa, imitando o protesto
dos deputados contra ele.
Mais tarde, numa entrevista coletiva, Berlusconi disse que seu
comentário foi feito como "uma
brincadeira", inspirada "pelo tom
e pelos gestos" do deputado alemão. "Minha brincadeira não tinha a intenção de ser ofensiva. Foi
uma brincadeira irônica, mas talvez a tradução simultânea não tenha sido feita num tom irônico",
disse. Berlusconi disse, depois,
que não tinha a intenção de ofender "o passado histórico e a sensibilidade dos alemães".
No início do discurso de Berlusconi, cerca de 15 deputados do
Partido Verde protestaram com
cartazes em italiano dizendo: "A
lei é igual para todos" e "Não a um
chefão [da Máfia] para a Europa".
Prioridades
O programa apresentado por
Berlusconi para a presidência italiana da UE recebeu um apoio
cauteloso da maioria do Parlamento europeu.
Ele prometeu dar prioridade
aos investimentos em projetos de
infra-estrutura e à promoção de
uma reforma nos sistemas de
pensões e bem-estar social dos Estados-membros. Outra de suas
promessas é melhorar as relações
com os EUA, abaladas após a
oposição de alguns dos membros
da UE, como Alemanha e França,
à Guerra do Iraque.
A proposta mais polêmica, porém, é a criação de um centro de
detenção de imigrantes ilegais fora da UE, possivelmente nos Bálcãs. Vários países já se declararam
contrários à idéia. A Itália é um
dos países da UE que mais vêm
sofrendo com a imigração ilegal
nos últimos tempos.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Estados Unidos: Presidente rechaça veto constitucional à união gay Próximo Texto: Para Alemanha, declaração é "inaceitável" Índice
|