São Paulo, sexta-feira, 03 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acordo passa por eleições transparentes, diz analista

CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO

O principal objetivo de um acordo político em Honduras para a volta ao cargo do presidente Manuel Zelaya deve ser garantir a transparência das eleições presidenciais, regionais e legislativas previstas para novembro, diz o cientista político Francisco Rojas Aravena, secretário-geral da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais).
"É preciso dar garantia aos candidatos de que poderão fazer campanha livre, num processo eleitoral limpo", afirmou Aravena, baseado na vizinha Costa Rica.
Segundo o cientista político, o maior empecilho a eleições livres é a mesma intolerância política que levou ao golpe de domingo passado, intensificada por dois fatores:
1) A ambiguidade de Zelaya sobre suas reais intenções ao convocar uma consulta não vinculante -prevista para o dia do golpe- para saber se a população apoiava um referendo, paralelo à eleição de novembro, sobre a convocação de uma Constituinte.
Vários aliados do presidente sugeriram que a consulta, declarada ilegal pela Justiça, permitiria a instalação da Constituinte antes do pleito geral, o que a oposição viu como tentativa de instituir a reeleição, proibida na Carta atual.
Só no mês passado Zelaya disse em público que deixaria o cargo no fim do seu mandato, em janeiro. A declaração, repetida agora por ele, ficou sem efeito, diante da desconfiança instalada entre os opositores.
2) O fato de lideranças partidárias adversárias de Zelaya, que segundo Aravena adotaram posição de "negação" da legitimidade do presidente, controlarem os principais meios de comunicação do país.
Líderes do governista Partido Liberal que romperam com Zelaya são donos da maior cadeia de TV e rádio e dos maiores jornais do país. A segunda cadeia está ligada ao opositor Partido Nacional. "A alta concentração prejudica o debate", diz o analista.
O secretário-geral da Flacso acredita que, além de abrir mão da reeleição, Zelaya também terá de desistir do referendo em novembro. "Suponho que é parte essencial [de um acordo]. Não há opção para pensar que o presidente volte a insistir na chamada quarta urna."
Para Aravena, embora um acordo seja difícil, "a alternativa é o isolamento político de Honduras e o agravamento da situação, com opositores do governo golpista e quem o apoiou, incluindo as Forças Armadas, chegando à luta nas ruas".


Texto Anterior: País vê protestos mais intensos desde deposição de presidente
Próximo Texto: Morales sobe o tom das críticas a Obama e o compara a Bush
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.