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Acordo passa por eleições transparentes, diz analista
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
O principal objetivo de um
acordo político em Honduras
para a volta ao cargo do presidente Manuel Zelaya deve ser
garantir a transparência das
eleições presidenciais, regionais e legislativas previstas para novembro, diz o cientista político Francisco Rojas Aravena,
secretário-geral da Flacso (Faculdade Latino-Americana de
Ciências Sociais).
"É preciso dar garantia aos
candidatos de que poderão fazer campanha livre, num processo eleitoral limpo", afirmou
Aravena, baseado na vizinha
Costa Rica.
Segundo o cientista político,
o maior empecilho a eleições livres é a mesma intolerância política que levou ao golpe de domingo passado, intensificada
por dois fatores:
1) A ambiguidade de Zelaya
sobre suas reais intenções ao
convocar uma consulta não
vinculante -prevista para o dia
do golpe- para saber se a população apoiava um referendo,
paralelo à eleição de novembro,
sobre a convocação de uma
Constituinte.
Vários aliados do presidente
sugeriram que a consulta, declarada ilegal pela Justiça, permitiria a instalação da Constituinte antes do pleito geral, o
que a oposição viu como tentativa de instituir a reeleição,
proibida na Carta atual.
Só no mês passado Zelaya
disse em público que deixaria o
cargo no fim do seu mandato,
em janeiro. A declaração, repetida agora por ele, ficou sem
efeito, diante da desconfiança
instalada entre os opositores.
2) O fato de lideranças partidárias adversárias de Zelaya,
que segundo Aravena adotaram posição de "negação" da legitimidade do presidente, controlarem os principais meios de
comunicação do país.
Líderes do governista Partido Liberal que romperam com
Zelaya são donos da maior cadeia de TV e rádio e dos maiores jornais do país. A segunda
cadeia está ligada ao opositor
Partido Nacional. "A alta concentração prejudica o debate",
diz o analista.
O secretário-geral da Flacso
acredita que, além de abrir mão
da reeleição, Zelaya também
terá de desistir do referendo
em novembro. "Suponho que é
parte essencial [de um acordo].
Não há opção para pensar que o
presidente volte a insistir na
chamada quarta urna."
Para Aravena, embora um
acordo seja difícil, "a alternativa é o isolamento político de
Honduras e o agravamento da
situação, com opositores do governo golpista e quem o apoiou,
incluindo as Forças Armadas,
chegando à luta nas ruas".
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