São Paulo, sexta-feira, 03 de julho de 2009

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Morales sobe o tom das críticas a Obama e o compara a Bush

Ataques vêm após fim de programa de preferências tarifárias condicionado a combate a entorpecentes

DA REDAÇÃO

O presidente boliviano, Evo Morales, endureceu ontem as críticas a Barack Obama por causa da decisão americana de excluir a Bolívia, terceira maior produtora mundial de cocaína, de um programa pró-exportação aos Estados Unidos por falhas na luta antidrogas.
Morales disse ontem, em La Paz, que a única diferença entre Obama e George W. Bush é que o ex-presidente americano usava o porrete e o atual utiliza a diplomacia para conseguir impor suas políticas para a região.
O presidente boliviano já havia dito anteontem que Obama mentiu para a América Latina ao prometer que mudaria as relações dos EUA com a região.
A exclusão da Bolívia do ATPDEA, que condiciona vantagens tarifárias ao combate às drogas, foi decidida ainda no governo Bush, como represália à expulsão, em 2008, do embaixador dos EUA no país, Philip Goldberg, e de funcionários da agência antidrogas americana -todos acusados de conspiração contra o governo Morales.
Na época, o Congresso americano resolveu estender o programa para a Bolívia por seis meses. Agora, o governo Obama tinha a opção de renovar a extensão por mais meio ano. Colômbia, Peru e Equador integram também o programa e continuam sendo beneficiados.
Segundo os EUA, a Bolívia foi excluída porque o "alto escalão do governo" "encoraja" a produção de coca -o governo apoia o cultivo para uso tradicional- e porque a expulsão dos funcionários americanos dificultou a luta contra as drogas. Segundo a ONU, entre 2007 e 2008, a área de plantio de coca aumentou 6% no país.
Como medidas compensatórias à exclusão, que deve prejudicar apenas 17% das exportações bolivianas aos EUA, La Paz anunciou que vai aumentar de US$ 8 milhões para US$ 16 milhões o valor disponível para financiar a exportação e que baixará a taxa de juros.
A "punição" imposta pelos americanos e a escalada retórica de Morales são um revés na relação entre os dois países, que ensaiavam uma reaproximação bilateral nos últimos meses.
Ontem, o chanceler boliviano, David Choquehuanca, reuniu-se com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, para expressar "profundo desapontamento" do governo boliviano em relação à exclusão da ATPDEA.
De acordo com uma nota divulgada pelo Departamento de Estado, Hillary ouviu as preocupações do chanceler e viu o encontro como uma continuidade dos esforços para "redefinir e aprofundar as relações com a Bolívia".

Com agências internacionais


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