São Paulo, sábado, 03 de julho de 2010

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Polícia do México detém líder de gangue

Jesús Ernesto Chávez, ligado a narcocartel, admitiu ter mandado matar funcionária de consulado americano

Episódio gerou temor de que missão diplomática tenha sido infiltrada por traficantes, o que foi negado pela embaixada

Daniel Aguilar/Reuters
Policiais escoltam Jesús Ernesto Chávez e outros supostos membros de gangues com elos como narcocartel de Juárez

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A polícia mexicana anunciou ontem a prisão de um importante líder de gangue no país, no momento em que se multiplicam no México os episódios de violência relacionados ao narcotráfico.
Jesús Ernesto Chávez, 41, que lidera uma gangue de matadores ligada ao narcocartel de Juárez, em Ciudad Juárez (fronteiriça com os EUA), assumiu ter ordenado o assassinato de uma funcionária do consulado americano em um ataque ocorrido em 13 de março.
O motivo do ataque, segundo disse Chávez -apelidado de "O Camelo"- aos policiais, é que a funcionária Lesley Enríquez teria providenciado vistos para os Estados Unidos a membros de uma gangue rival.
O carro de Enríquez -que estava grávida de quatro meses- foi atacado quando ela saía de uma festa e se dirigia à fronteira americana. Seu marido também morreu no episódio, e o marido de outra funcionária do consulado foi assassinado em emboscada no mesmo dia.
A insinuação de que a funcionária teria ajudado membros de gangues rivais despertou temores de que o consulado dos EUA esteja infiltrado pelo tráfico, o que fora negado em declarações prévias da diplomacia americana.
A Embaixada dos EUA dissera que Enríquez não tinha autoridade para dar vistos, e investigações não encontraram elos entre ela e narcotraficantes, segundo fontes da agência Associated Press que pediram anonimato.
Sob a perspectiva americana, cresce o temor de que a violência no México respingue do seu lado da fronteira. À época da morte de Enríquez, o presidente dos EUA, Barack Obama, se disse "indignado" pelos crimes, e o Departamento de Estado ordenou o reforço da segurança para seus funcionários no norte do México.
Segundo autoridades americanas, o motivo da morte de Enríquez ainda não foi esclarecido, apesar da confissão de Chávez.
Com a prisão do suspeito -também acusado da morte de 15 jovens em uma festa, confundida com um encontro de traficantes, em janeiro-, as autoridades esperam chegar a membros do cartel de Juárez, disse a Polícia Federal mexicana.

MORTES
Desde dezembro de 2006, quando o presidente mexicano, Felipe Calderón, endureceu o combate aos traficantes, calcula-se que entre 23 mil e 26 mil pessoas tenham morrido em episódios relacionados à violência das drogas no país.
Um dos principais focos de violência é Ciudad Juárez, onde as disputas entre os cartéis de Juárez e Sinaloa resultaram em mais de 2.600 assassinatos no ano passado.
Também no norte do país, na última segunda-feira, o candidato Rodolfo Torre Cantú, do oposicionista PRI (Partido Revolucionário Institucional), foi morto em emboscada com funcionários de campanha e um deputado.
Torre era candidato a governador pelo Estado de Tamaulipas no pleito que ocorrerá amanhã em 12 dos 31 Estados do México, e foi substituído na corrida eleitoral por seu irmão, Egidio Torre.
A morte -atribuída por analistas aos narcotraficantes- elevou a tensão entre governo e oposição no pleito, visto como uma prévia da eleição presidencial de 2012.


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