São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2004

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TRAGÉDIA

Governo investiga denúncia de que as portas do supermercado foram fechadas para evitar que clientes saíssem sem pagar

Total de mortos em incêndio no Paraguai atinge 346

DA REDAÇÃO

O saldo de mortos no incêndio que atingiu um supermercado na periferia de Assunção anteontem chegou a pelo menos 346, segundo a contagem do governo paraguaio. "Seguimos retirando corpos do setor da praça de alimentação, do açougue e dos depósitos", disse Santiago Velazco, porta-voz da polícia.
De acordo com o Ministério da Saúde, até a tarde de ontem, 256 pessoas haviam sido hospitalizadas -70 em terapia intensiva. Estima-se que até 700 pessoas estivessem presentes no momento do incêndio, que, em meia hora, consumiu o local.
A hipótese principal é que o incêndio tenha ocorrido após a explosão em um dos fornos industriais da praça de alimentação do supermercado Ycua Bolaños.
O governo paraguaio, no entanto, abriu uma investigação para apurar as causas do incêndio e investigar denúncias de testemunhas de que os seguranças fecharam as saídas para impedir que as pessoas saíssem sem pagar.
"Há várias testemunhas que viram como eles fecharam as portas do supermercado e que também confirmaram que a saída de emergência estava fechava a cadeado", disse o chefe de polícia Humberto Nunez.
Roque González, porta-voz do Corpo de Bombeiros Voluntários, confirmou que as portas estavam fechadas quando os bombeiros chegaram ao local. Segundo ele, um dos seguranças disparou contra um bombeiro quando este tentou abrir a porta principal. Havia corpos incinerados amontoados contra as saídas do supermercado e pais, mães e filhos que morreram abraçados.
"Estou convencido de que, se essas portas estivessem abertas, muitas vidas teriam sido salvas", disse o vice-presidente Luis Castiglioni. Três sócios do Ycua Bolaños -inclusive o dono, Juan Pio Paiva- e três seguranças foram presos. Pio Paiva negou, no entanto, ter dado ordens para que as portas fossem trancadas.
"A empresa tem seguro contra vandalismo. Não faz sentido, num incêndio dessa magnitude, que os guardas tenham fechado as portas e ficado lá dentro", disse. Segundo o promotor Edgar Sánchez, Paiva será indiciado por homicídio culposo.

Ajuda internacional
A Argentina foi um dos primeiros países a oferecer ajuda ao Paraguai, enviando um avião Hércules C-130 com equipes médicas e remédios. Cinco Províncias argentinas prepararam hospitais para receber feridos.
O Brasil enviou ontem auxílio médico e peritos para ajudar no socorro a feridos e na identificação de corpos. Segundo o Ministério da Saúde, um avião da Força Aérea Brasileira partiu do Rio com 9,5 t de medicamentos -analgésicos, antibióticos, psicotrópicos e corticóides- e equipamentos como respiradores, bolsas de transfusão de sangue, luvas, seringas descartáveis e ataduras. O governo não sabe ainda se há brasileiros entre as vítimas.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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