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TRAGÉDIA
Governo investiga denúncia de que as portas do supermercado foram fechadas para evitar que clientes saíssem sem pagar
Total de mortos em incêndio no Paraguai atinge 346
DA REDAÇÃO
O saldo de mortos no incêndio
que atingiu um supermercado na
periferia de Assunção anteontem
chegou a pelo menos 346, segundo a contagem do governo paraguaio. "Seguimos retirando corpos do setor da praça de alimentação, do açougue e dos depósitos",
disse Santiago Velazco, porta-voz
da polícia.
De acordo com o Ministério da
Saúde, até a tarde de ontem, 256
pessoas haviam sido hospitalizadas -70 em terapia intensiva. Estima-se que até 700 pessoas estivessem presentes no momento do
incêndio, que, em meia hora, consumiu o local.
A hipótese principal é que o incêndio tenha ocorrido após a explosão em um dos fornos industriais da praça de alimentação do
supermercado Ycua Bolaños.
O governo paraguaio, no entanto, abriu uma investigação para
apurar as causas do incêndio e investigar denúncias de testemunhas de que os seguranças fecharam as saídas para impedir que as
pessoas saíssem sem pagar.
"Há várias testemunhas que viram como eles fecharam as portas
do supermercado e que também
confirmaram que a saída de
emergência estava fechava a cadeado", disse o chefe de polícia
Humberto Nunez.
Roque González, porta-voz do
Corpo de Bombeiros Voluntários,
confirmou que as portas estavam
fechadas quando os bombeiros
chegaram ao local. Segundo ele,
um dos seguranças disparou contra um bombeiro quando este
tentou abrir a porta principal. Havia corpos incinerados amontoados contra as saídas do supermercado e pais, mães e filhos que
morreram abraçados.
"Estou convencido de que, se
essas portas estivessem abertas,
muitas vidas teriam sido salvas",
disse o vice-presidente Luis Castiglioni. Três sócios do Ycua Bolaños -inclusive o dono, Juan Pio
Paiva- e três seguranças foram
presos. Pio Paiva negou, no entanto, ter dado ordens para que as
portas fossem trancadas.
"A empresa tem seguro contra
vandalismo. Não faz sentido,
num incêndio dessa magnitude,
que os guardas tenham fechado as
portas e ficado lá dentro", disse.
Segundo o promotor Edgar Sánchez, Paiva será indiciado por homicídio culposo.
Ajuda internacional
A Argentina foi um dos primeiros países a oferecer ajuda ao Paraguai, enviando um avião Hércules C-130 com equipes médicas
e remédios. Cinco Províncias argentinas prepararam hospitais
para receber feridos.
O Brasil enviou ontem auxílio
médico e peritos para ajudar no
socorro a feridos e na identificação de corpos. Segundo o Ministério da Saúde, um avião da Força
Aérea Brasileira partiu do Rio
com 9,5 t de medicamentos
-analgésicos, antibióticos, psicotrópicos e corticóides- e equipamentos como respiradores,
bolsas de transfusão de sangue,
luvas, seringas descartáveis e ataduras. O governo não sabe ainda
se há brasileiros entre as vítimas.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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