São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE SOB TUTELA

Murat Yuce é o nono estrangeiro assassinado na atual onda de seqüestros; grupo assume ataque a igrejas

Seqüestradores matam a tiros refém turco

DA REDAÇÃO

Um cidadão turco foi morto a tiros por seus captores, segundo imagens de um vídeo exibido ontem na internet. O homem, que se identificou como Murat Yuce, é o nono estrangeiro assassinado na atual onda de seqüestros no Iraque, que começou em abril e durante a qual mais de 70 estrangeiros foram capturados por insurgentes e criminosos comuns.
Não ficou claro quando o refém foi morto nem quando ele foi seqüestrado. A data que aparece no vídeo, 13-4-1425, corresponde no calendário islâmico a 1º de junho de 2004. Por outro lado, na gravação, Yuce diz trabalhar para a empresa turca de bufê Bilintur, segundo a qual ele desaparecera havia "três ou quatro dias".
"Você não tem de empunhar uma arma para ajudar os ocupantes americanos. As empresas turcas devem se retirar do Iraque", diz o refém no vídeo, lendo um texto. "Eu pude ver a opressão americana no Iraque, mas fiquei aqui para conseguir dinheiro." Atrás, aparece uma bandeira preta do Tawhid e Jihad, grupo liderado pelo terrorista jordaniano Abu Musab Zarqawi, que os EUA acusam de ser ligado à Al Qaeda.
Até ontem só havia notícia de outros dois turcos sob poder de seqüestradores no Iraque, Abdurrahman Demir e Sait Unurlu, capturados no sábado. A Embaixada da Turquia em Bagdá disse não ter conhecimento do desaparecimento ou da morte de Yuce.
O Departamento de Estado americano condenou o assassinato, classificando-o de um ato "odioso e bárbaro". A associação dos motoristas turcos anunciou que nenhum de seus filiados vai trabalhar no Iraque. Cerca de 2.000 caminhões turcos operam no país, mas apenas 10% deles servem as forças dos EUA.

Cristãos
O governo iraquiano acusou Zarqawi de comandar a série de atentados contra igrejas que atingiu o país anteontem, matando 15 pessoas e ferindo cerca de 60 no primeiro ataque em 15 meses de pós-guerra a visar a pequena minoria cristã. Mas um grupo pouco conhecido, a Organização de Planejamento e Acompanhamento no Iraque, reivindicou a autoria dos ataques em um comunicado divulgado em site islâmico.
No texto, o grupo diz que os ataques foram uma resposta à "cruzada americana" e à "evangelização". "A América não apenas ocupa e devasta militarmente os países muçulmanos como deixa centenas de organizações evangelizadoras e distribui livros sobre o Holocausto para demover os muçulmanos de sua religião", afirma.
Líderes muçulmanos -inclusive o mais proeminente clérigo xiita do país, o grão-aiatolá Ali al Sistani- condenaram os atentados, nos quais foram usados carros-bomba contra quatro igrejas em Bagdá e uma em Mossul.
O papa João Paulo 2º chamou os ataques de "crimes grotescos" e "agressão injusta" e pediu proteção para as minorias iraquianas.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Bombeiro salva bebê que estava sozinho no chão
Próximo Texto: Panorâmica - Colômbia: Uribe cria nova zona especial para paramilitares
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.