São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Caracas compra mais US$ 1 bi em bônus argentinos

Financiamento venezuelano ajudará administração Kirchner a pagar dívida

Chávez visita Buenos Aires na segunda; desde 2005, Venezuela comprou US$ 4,2 bilhões em títulos do país, revendidos a bancos

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

O governo argentino confirmou ontem que deve receber da Venezuela, até o fim do ano, um financiamento de US$ 1 bilhão. O dinheiro seria referente à compra de bônus da dívida argentina pelo governo de Hugo Chávez, que na próxima segunda-feira visitará a Argentina.
"Chávez sempre colaborou e comprou bônus argentinos, que vêm tendo um bom rendimento", disse o chefe-de-gabinete do presidente Néstor Kirchner, Alberto Fernández.
Fernández não detalhou a operação. Segundo o jornal "Clarín", o dinheiro seria usado para comprar o Bonar X (que vence em 2017) ou o Boden 2015. Os papéis poderiam ser a parte argentina de uma nova emissão do Bônus do Sul -um título conjunto dos dois países.
A emissão dos papéis aconteceria em três etapas, de acordo com o jornal: a primeira, de US$ 500 milhões, anunciada na visita de Chávez a Buenos Aires; as outras duas, de US$ 250 milhões cada, até o fim do ano.
O ministro das Finanças da Venezuela, Rodrigo Cabezas, confirmou ontem que o país fará junto com a Argentina uma nova emissão dos Bônus do Sul, mas disse que não há data nem montante confirmado.
Desde 2005, o governo Chávez já investiu US$ 4,2 bilhões na compra de títulos argentinos. Hoje, porém, mantém menos da metade desses títulos -o restante foi vendido a bancos venezuelanos. Agora a Argentina quer que Chávez mantenha os papéis sob seu controle, pelo menos até que passe a turbulência dos mercados iniciada na semana passada.
A ajuda econômica da Venezuela é mais um capítulo da estreita relação dos governos de Chávez e Kirchner. O financiamento ajudará a Argentina a pagar parte dos US$ 2,5 bilhões de sua dívida, que vence nos próximos dias. Fernández disse ontem que os argentinos deveriam ser agradecidos a Chávez: "Sempre que precisamos dele, ele nos ajudou".
O motivo oficial da visita de Chávez à Argentina é a assinatura de acordos energéticos. O principal deles prevê a construção de uma usina para processamento de gás, que demandará investimentos de US$ 400 milhões, feitos majoritariamente pela Venezuela.

Russos e bielo-russos
A Venezuela também financiará parte da dívida de US$ 456 milhões que Belarus tem com a gigante do gás russa, a Gazprom. A informação foi dada pelo presidente da ex-república soviética, Alexander Lukashenko.
A Gazprom havia ameaçado reduzir à metade o fluxo de gás para Belarus se a dívida não fosse saldada até hoje. Chávez esteve em Belarus em junho.


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