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Para família, é errado poupar chefe de polícia
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em coletiva de imprensa na tarde de ontem, a família de Jean Charles de
Menezes se disse extremamente decepcionada com
o relatório da IPCC que
inocenta o comissário Ian
Blair. "Demorou muito
pra chegar à conclusão que
eles chegaram. Ninguém
foi responsabilizado, ninguém vai ser processado, e
eles estão permitindo que
a polícia se livre de um crime de assassinato", disse
Patrícia Armani da Silva,
prima de Jean Charles.
"Isso é uma grande injustiça. É uma vergonha."
Para Alex Pereira, seu
primo foi tratado "como
um animal" pela polícia, e
a família "não vai desistir"
até que alguém seja punido. "Eu ouvia as mentiras
da polícia, e tentava dizer a
verdade, mas quem acreditaria em nós, imigrantes? Eles tiveram tempo
de consertar o erro e não
consertaram. E agora vejo
só Andrew Hayman sendo
criticado. E os outros responsáveis? Onde estava o
Ian Blair naquele dia?"
Segundo Pereira, o relatório trouxe tristeza para
os pais de Jean Charles,
que vivem em Gonzaga
(300 km de Belo Horizonte). "Eles sofreram muito
porque sabiam que tudo
era mentira, e agora todo
mundo foi inocentado."
"Tiramos duas conclusões", disse a advogada da
família, Harriet Wistrich.
"Ou houve uma tremenda
operação de cobertura do
fato de Ian Blair saber o
que estava acontecendo
ou então há uma falta absoluta de comando."
Ontem, Blair reiterou
que não mentiu, manteve
seu apoio a Hayman, mas
admitiu que a polícia errou. O Itamaraty expressou em nota seu "descontentamento" com as conclusões do relatório "que,
ao deixar de imputar responsabilidades, evidencia
a trágica sucessão de erros
que culminou na morte"
de Menezes.
(NV)
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