São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Para família, é errado poupar chefe de polícia

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em coletiva de imprensa na tarde de ontem, a família de Jean Charles de Menezes se disse extremamente decepcionada com o relatório da IPCC que inocenta o comissário Ian Blair. "Demorou muito pra chegar à conclusão que eles chegaram. Ninguém foi responsabilizado, ninguém vai ser processado, e eles estão permitindo que a polícia se livre de um crime de assassinato", disse Patrícia Armani da Silva, prima de Jean Charles. "Isso é uma grande injustiça. É uma vergonha."
Para Alex Pereira, seu primo foi tratado "como um animal" pela polícia, e a família "não vai desistir" até que alguém seja punido. "Eu ouvia as mentiras da polícia, e tentava dizer a verdade, mas quem acreditaria em nós, imigrantes? Eles tiveram tempo de consertar o erro e não consertaram. E agora vejo só Andrew Hayman sendo criticado. E os outros responsáveis? Onde estava o Ian Blair naquele dia?"
Segundo Pereira, o relatório trouxe tristeza para os pais de Jean Charles, que vivem em Gonzaga (300 km de Belo Horizonte). "Eles sofreram muito porque sabiam que tudo era mentira, e agora todo mundo foi inocentado."
"Tiramos duas conclusões", disse a advogada da família, Harriet Wistrich. "Ou houve uma tremenda operação de cobertura do fato de Ian Blair saber o que estava acontecendo ou então há uma falta absoluta de comando."
Ontem, Blair reiterou que não mentiu, manteve seu apoio a Hayman, mas admitiu que a polícia errou. O Itamaraty expressou em nota seu "descontentamento" com as conclusões do relatório "que, ao deixar de imputar responsabilidades, evidencia a trágica sucessão de erros que culminou na morte" de Menezes. (NV)


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