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Petistas dizem que Fidel não volta mais ao poder
Afastado do comando há cerca de um mês, ditador cubano estaria com câncer
Motivo da transferência do poder para o irmão Raúl Castro teria sido retirada de parte do intestino; tumor não teria se alastrado
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ditador Fidel Castro não
voltará mais ao poder em Cuba,
segundo relato de membros do
regime castrista a setores do
PT. Ele extraiu parte do intestino devido a um câncer, mas não
teria metástase, de acordo com
o que a Folha ouviu de integrantes do PT que têm linha direta com o governo cubano.
Nas palavras de um petista
que acompanha os bastidores
da doença de Castro, a transição de poder em Cuba é "definitiva". O governo não admite
isso oficialmente porque deseja ganhar tempo para que a população do país se acostume
com a ausência do ditador.
Aos 80 anos, Fidel Castro poderia, se a saúde permitisse, ter
alguma função decorativa no
futuro. Até mesmo esse papel é
colocado em dúvida por membros do PT. Vai depender, segundo a Folha apurou, da evolução da doença nos próximos
seis meses e se ele terá sobrevida de alguns anos.
Em 5 de agosto, a Folha revelou que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva foi informado por autoridades cubanas
de que o estado de saúde de
Castro era mais grave do que
admitido oficialmente. Essas
autoridades disseram ao governo brasileiro que o ditador poderia ficar inabilitado para voltar ao poder e que teria extraído um tumor maligno do abdômen no dia 31 de julho.
O governo cubano não dá detalhes a respeito do estado de
saúde de Fidel Castro. O próprio ditador alertou a população de que sua convalescença
poderia ser longa e que todos
deveriam estar prontos para
uma notícia ruim. Castro apareceu em imagens de TV ao lado do presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, que o visitou
duas vezes, em 13 de agosto e
de novo anteontem.
Segundo membros do governo e do PT que conversam com
autoridades cubanas, a intenção de Havana é continuar a
tratar como segredo de Estado
a saúde de Castro. Teme-se que
a confirmação do afastamento
definitivo do ditador possa estimular contestação de parte
da população ao atual governo.
Fidel transmitiu suas principais funções a Raúl Castro, seu
irmão. Abaixo dele, um triunvirato tocaria de fato o governo,
avalia a ala petista com trânsito
em Havana. Esse trio é composto por Felipe Pérez Roque,
ministro das Relações Exteriores, Carlos Lage, vice-presidente, e Ricardo Alarcón, presidente do Parlamento.
Há contato entre membros
do governo dos EUA e do PT a
respeito do cenário pós-Fidel.
Na visão petista, uma distensão
da parte dos EUA, como o fim
do bloqueio econômico, aceleraria a eventual abertura econômica e política do regime.
Uma ação dura de Washington,
porém, reforçaria o nacionalismo cubano, muito antiamericano, e poderia diminuir o ritmo dessa eventual abertura.
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