São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2006

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Petistas dizem que Fidel não volta mais ao poder

Afastado do comando há cerca de um mês, ditador cubano estaria com câncer

Motivo da transferência do poder para o irmão Raúl Castro teria sido retirada de parte do intestino; tumor não teria se alastrado


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ditador Fidel Castro não voltará mais ao poder em Cuba, segundo relato de membros do regime castrista a setores do PT. Ele extraiu parte do intestino devido a um câncer, mas não teria metástase, de acordo com o que a Folha ouviu de integrantes do PT que têm linha direta com o governo cubano.
Nas palavras de um petista que acompanha os bastidores da doença de Castro, a transição de poder em Cuba é "definitiva". O governo não admite isso oficialmente porque deseja ganhar tempo para que a população do país se acostume com a ausência do ditador.
Aos 80 anos, Fidel Castro poderia, se a saúde permitisse, ter alguma função decorativa no futuro. Até mesmo esse papel é colocado em dúvida por membros do PT. Vai depender, segundo a Folha apurou, da evolução da doença nos próximos seis meses e se ele terá sobrevida de alguns anos.
Em 5 de agosto, a Folha revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado por autoridades cubanas de que o estado de saúde de Castro era mais grave do que admitido oficialmente. Essas autoridades disseram ao governo brasileiro que o ditador poderia ficar inabilitado para voltar ao poder e que teria extraído um tumor maligno do abdômen no dia 31 de julho.
O governo cubano não dá detalhes a respeito do estado de saúde de Fidel Castro. O próprio ditador alertou a população de que sua convalescença poderia ser longa e que todos deveriam estar prontos para uma notícia ruim. Castro apareceu em imagens de TV ao lado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que o visitou duas vezes, em 13 de agosto e de novo anteontem.
Segundo membros do governo e do PT que conversam com autoridades cubanas, a intenção de Havana é continuar a tratar como segredo de Estado a saúde de Castro. Teme-se que a confirmação do afastamento definitivo do ditador possa estimular contestação de parte da população ao atual governo.
Fidel transmitiu suas principais funções a Raúl Castro, seu irmão. Abaixo dele, um triunvirato tocaria de fato o governo, avalia a ala petista com trânsito em Havana. Esse trio é composto por Felipe Pérez Roque, ministro das Relações Exteriores, Carlos Lage, vice-presidente, e Ricardo Alarcón, presidente do Parlamento.
Há contato entre membros do governo dos EUA e do PT a respeito do cenário pós-Fidel. Na visão petista, uma distensão da parte dos EUA, como o fim do bloqueio econômico, aceleraria a eventual abertura econômica e política do regime. Uma ação dura de Washington, porém, reforçaria o nacionalismo cubano, muito antiamericano, e poderia diminuir o ritmo dessa eventual abertura.


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