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Por 3º mandato, Uribe reinterpreta leis
Após aprovação de referendo sobre nova reeleição na Colômbia, governistas e opositores divergem quanto a prazos
Governo prevê aval da Corte Suprema até o começo de dezembro e a realização da consulta em março; opositor vê "ditadura constitucional"
Fredy Builes - 1º.set.2009/Reuters
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Ministro do Interior, Fabio Valencia, comemora aprovação com deputada uribista na Câmara enquanto opositora protesta ao lado
DA REDAÇÃO
Um dia após a Câmara dos
Representantes (deputados) da
Colômbia aprovar a convocação de referendo sobre a segunda reeleição presidencial consecutiva, aliados do presidente
Álvaro Uribe planejavam os
próximos passos para contornar entraves jurídicos a tempo
de viabilizar sua candidatura.
Aprovado por 85 votos a favor -1 a mais do que o necessário- e 5 contra, com 76 abstenções, pouco antes da meia-noite (local) de anteontem, a consulta depende agora de um aval
da Corte Constitucional para
poder ser convocada por decreto pelo presidente.
Uribe, 57, foi eleito em 2002
e reeleito em 2006, depois de
polêmica alteração constitucional que introduziu a hipótese de dois mandatos consecutivos. Recuperando-se da gripe
suína contraída na semana passada, ele não se pronunciou.
Embora nunca tenha manifestado a intenção de concorrer
novamente em 2010, Uribe
tampouco impediu que aliados
trabalhassem nesse sentido
desde o ano passado, quando
foi apresentado o projeto ao
Congresso após o recolhimento
de 5 milhões de assinaturas.
Em tramitação no Legislativo há cerca de um ano, a convocação do referendo foi aprovada no Senado há duas semanas.
Pelos cálculos do governo, de
acordo com o jornal colombiano "El Tiempo", a Corte -cuja
maioria dos membros foi indicada por Uribe- deve anunciar
a decisão até 9 de dezembro.
Se avalizado, o referendo será realizado provavelmente em
março, conforme prazo de 90
dias estipulado pela comissão
eleitoral para viabilizá-lo e paralelamente às eleições parlamentares -o que deve favorecer a mobilização governista.
Pela legislação colombiana, o
referendo será considerado válido se obtiver comparecimento de 25% do eleitorado (pouco
mais de 7 milhões de pessoas).
Se o "sim" no referendo somar 50% mais um dos votos,
Uribe poderá oficializar a candidatura ao pleito de maio, dizem os governistas.
Em pesquisa de julho do instituto Gallup, 60% dos eleitores
disseram estar dispostos a votar na consulta. Destes, 76%
afirmaram aprovar a "re-reeleição" de Uribe, cuja aprovação
popular é de cerca de 70%.
Obstáculos
Para ser cumprido, no entanto, esse cronograma terá de superar uma série de obstáculos.
O primeiro é a exigência legal
de que Uribe anuncie "publicamente e por escrito" a intenção
de concorrer até 30 de novembro (seis meses antes do pleito).
Governistas alegam que isso
pode ser feito independentemente do referendo.
Esse entendimento é contestado pelos opositores, para
quem o presidente só poderia
fazer tal manifestação após
reunir condições legais de participar do pleito de 10 de maio.
Entre eles, a aprovação do referendo após sessão de cerca de
12 horas e em meio a uma série
de manobras políticas motivou
fortes críticas a Uribe. Para
Gustavo Petro, do Polo Democrático, uma nova reeleição
transformará a Colômbia em
uma "ditadura constitucional".
Tanto o PD quanto o Partido
Liberal se abstiveram da votação e acusaram os uribistas de
realizar manobras ilegais para
obter a aprovação da consulta.
Mais da metade dos 166 deputados são investigados pela
Corte Suprema sob suspeita de
compra de votos. É investigada
ainda denúncia de distribuição
de cerca de R$ 200 milhões pelo governo em troca de apoio.
No último fim de semana,
veio à tona revelação de um esquema de espionagem do DAS,
a agência de inteligência colombiana, que visava "mapear"
os votos por meio de grampos a
magistrados e congressistas.
Com agências internacionais
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