São Paulo, quinta-feira, 03 de setembro de 2009

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Declaração de Arias sobre pleito surpreende Brasil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A afirmação do mediador do impasse político de Honduras, Óscar Arias, de que as eleições previstas para 29 de novembro poderiam encerrar o conflito no país foi recebida com surpresa em Brasília.
Sem referir-se às declarações propriamente ditas, o Itamaraty informou via assessoria que a posição do Brasil é a que vem sendo defendida desde o princípio: caso ocorra sob o regime interino, o pleito não será considerado legítimo e, portanto, o Brasil não reconhecerá seu resultado.
Na véspera, em entrevista à Folha, Arias questionou a posição de boicote ao pleito em Honduras ao dizer que se as eleições realizadas em países governados por "regimes tirânicos" não têm validade, "não poderíamos ter conquistado a transição dos regimes ditatoriais na América Latina -produtos de golpes de Estado- para a democracia".
"Porque foi com [o ditador Augusto] Pinochet que se realizaram eleições [no Chile em 1989] e foi com regimes de força na América Central que houve eleições", disse Arias.
Convidado pela OEA para mediar a crise em Honduras, o presidente costa-riquenho propôs um acordo com 12 pontos, entre os quais a restituição do presidente deposto Manuel Zelaya e a sua anistia -ele é acusado de 18 crimes políticos. Ontem, à Folha, o mediador disse que insistirá para que o governo interino de Roberto Micheletti aceite os pontos do acordo.
O não reconhecimento internacional do governo instaurado após o golpe resultou em sanções ao país. Na tentativa de promover o retorno de Zelaya, tanto a OEA, que suspendeu Honduras, quanto a União Europeia ameaçam não reconhecer o resultado da eleição hondurenha se ela ocorrer sob o governo interino. Em busca de apoio, Zelaya esteve em Brasília em 12 de agosto.


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