São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009

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Sob pressão, golpista recebe incondicional de republicanos

DA REDAÇÃO

Pressionado a negociar com o deposto Manuel Zelaya, o governo golpista de Roberto Micheletti recebeu ontem um gesto de apoio incondicional de uma comitiva composta por um senador e três deputados republicanos, integrantes da ala dos mais duros opositores de Barack Obama.
O grupo liderado pelo senador da Carolina do Sul, Jim DeMint, afirmou à Associated Press em Tegucigalpa que a solução para a crise hondurenha são as eleições de novembro -posição distinta do Departamento de Estado, que diz que a volta de Zelaya ao poder é condição para que Washington reconheça o pleito.
Para tentar neutralizar o efeito da viagem republicana, um grupo de parlamentares democratas enviou carta ontem ao presidente do Congresso de Honduras na qual afirmou que DeMint representa uma minoria no Legislativo do país.
Os cinco congressistas democratas ameaçaram fazer pressão para que os EUA não reconheçam a eleição. "Se o governo de facto segue dilatando esse processo [de negociação], exortaremos nosso governo a não reconhecer suas próximas eleições", diz a carta enviada a Juan Ángel Saavedra, que assumiu o Congresso após a posse de Micheletti, um aliado seu.
A comititiva de DeMint tentou obter apoio oficial para a viagem. O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o democrata John Kerry, bloqueou a aprovação.
Foi mais um lance da guerra de nervos que virou a questão hondurenha no Congresso. O republicano, também membro da Comissão de Relações Exteriores, vem usando uma manobra regimental para impedir a aprovação para nomes indicados por Obama para cargos-chave na América Latina.
Durante toda a crise, o governo Barack Obama tem sido acusado de ser pouco firme em relação ao golpe. Um dos motivos é justamente a resistência republicana no Congresso.
"Honduras é extremamente dependente dos EUA, e não usamos nossa influência na elite tradicional que Micheletti representa", disse em entrevista à Folha Julia Sweig, do Council on Foreign Relations.
Recentemente, ao que parece, esse poder de influência começou a se fazer sentir. Vários empresários têm demonstrado preocupação com recentes revogações de visto pela Embaixada dos EUA em Tegucigalpa. Com isso, não podem viajar até o principal parceiro comercial e destino de parte dos investimentos da elite do país.
Um dos que não puderam desembarcar em Miami no mês passado foi Adolfo Facussé, empresáro que agora é pró-diálogo com Zelaya.


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