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Micheletti promete a deputados brasileiros não violar embaixada
DA ENVIADA A TEGUCIGALPA
O presidente golpista de
Honduras, Roberto Micheletti,
recebeu na noite de quinta feira
-madrugada de ontem no Brasil- deputados brasileiros que
foram ao país. Afirmou que a
integridade da embaixada brasileira será mantida, o que na
prática anula o ultimato de dez
dias dado no domingo para que
o Brasil defina o status de Manuel Zelaya.
No ultimato, Micheletti exigia que o Brasil formalizasse o
asilo a Zelaya, o que o impediria
de fazer declarações políticas,
ou então o entregasse às autoridades hondurenhas para que
ele respondesse na Justiça à
acusação de que violou a Constituição ao insistir na realização de uma consulta popular
sobre uma Assembleia Constituinte, declarada ilegal por
Congresso e Justiça. Caso o
Brasil não atendesse ao ultimato, Micheletti ameaçava retirar
o status de prédio diplomático
da embaixada, o que poderia
justificar uma invasão do local.
O encontro com Micheletti,
que não fazia parte da agenda
oficial e que foi acertado de última hora, causou cisão entre
os parlamentares brasileiros.
Dois deputados -Ivan Valente
(PT-SP) e Janete Pietá (PT-SP)- decidiram não participar,
por acreditar que se tratava de
um reconhecimento do governo golpista.
Micheletti, que não escondeu o contentamento por ser
procurado pelos deputados,
que mais cedo já haviam se reunido com Zelaya, afirmou que
se tratava de uma "visita de
amigos, cordial". "A missão deles foi ver a situação de sua embaixada, sua gente. Foram
atendidos com o devido respeito que merecem", afirmou.
Micheletti garantiu que os
direitos internacionais de brasileiros serão respeitados em
Honduras, o que inclui melhor
tratamento para os diplomatas
que entram e saem da embaixada, onde Zelaya está abrigado.
Ele se comprometeu a não interromper a comunicação por
celulares dentro do prédio e
afirmou que a embaixada não
será invadida.
Segundo relato dos deputados, Micheletti afirmou que irá
revogar o estado de sítio que vigora no país desde domingo. De
acordo com o deputado Raul
Jungmann (PPS-PE), Micheletti mandou um recado ao governo brasileiro, afirmando
que deixará a Presidência imediatamente, desde que Zelaya
não volte ao poder.
Aos jornalistas, Micheletti
informou que as negociações
estão "em andamento". Deu a
entender que não aceitará mediações, nem mesmo da OEA.
Reafirmou que a solução se dará internamente.
"Esse é um problema dos
hondurenhos. O lógico é que
nós, os hondurenhos, o resolvamos", disse.
(AF)
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