São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009

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Hamas divulga vídeo de israelense raptado

Em troca de prova recente que mostrou o militar Gilad Shalit vivo e bem, Israel libertou ontem 19 mulheres palestinas

Soldado foi sequestrado em 2006 por militantes ligados ao Hamas, que exige que a libertação de mil palestinos em troca de sua soltura


DA REDAÇÃO

Mais de três anos após seu rapto por membros de grupos radicais palestinos, em junho de 2006, o soldado israelense Gilad Shalit está vivo e sem ferimentos -ao menos de acordo com um vídeo de quase três minutos que o Hamas entregou ao governo de Israel ontem. Shalit aparece porém magro e pálido nas imagens.
O soldado de 23 anos lê no vídeo um texto escrito em um papel apoiado sobre um jornal palestino com a data de 14 de setembro -prova de que as imagens são recentes, uma das exigências dos israelenses. Shalit aparenta nervosismo em alguns momentos, mas por várias vezes sorri para a câmera, sentado em uma cadeira.
Ele diz de modo claro e articulado, em hebraico, que seus sequestradores o têm tratado de modo "excelente" e pede para o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, "não desperdiçar essa oportunidade" de trazê-lo de volta.
"Eu estou lendo o jornal tentando encontrar informações sobre mim e espero encontrar alguma coisa que anuncie uma notícia de minha libertação e de meu retorno para casa em breve", afirma ele.
Ao final do vídeo, Shalit se levanta e caminha para perto da câmera, para mostrar que pode se movimentar bem sozinho -outra exigência de Israel. Segundo uma TV local, o soldado também teve que contar detalhes sobre sua família, para provar que não se tratava de um impostor. Um porta-voz do premiê israelense disse que a prova de que Shalit está vivo e bem "nos encoraja a todos".
Em troca do vídeo, o governo israelense libertou 19 mulheres palestinas presas pelo Estado judaico. O acordo foi intermediado por negociadores alemães e egípcios.
Nenhuma das libertadas estava envolvida em homicídios e todas cumpriam penas de menos de dois anos, segundo autoridades. Uma detenta foi excluída da negociação por estar prestes a terminar sua pena.
Cerca de 200 palestinos comemoravam enquanto aguardavam a libertação das mulheres no território palestino da Cisjordânia. Apenas uma detenta voltaria para Gaza.
É o primeiro sinal claro de avanço em quase três anos nas conversações sobre uma troca de prisioneiros mais ampla. O Hamas quer a libertação de mil presos palestinos em Israel em troca da libertação de Shalit. Atualmente, Israel mantém cerca de 10 mil palestinos encarcerados.

Caso sensível
O caso do rapto do soldado se tornou um tema bastante sensível em Israel, onde há grandes protestos no dia de seu aniversário e com aparições frequentes de seu pai na mídia. Um apresentador de noticiário termina seu programa diário recitando quantos dias Shalit contabiliza em cativeiro.
Israel diz que, enquanto Shalit não for libertado, não será levantado o bloqueio à faixa de Gaza -território palestino controlado pelo Hamas.
Por isso, tal acordo pode ser crítico para mais de 1,4 milhão de moradores de Gaza, que foi duramente atingida por três semanas de bombardeios israelenses entre dezembro e janeiro passados. Além de milhares de vítimas, os ataques causaram grandes danos em prédios e na infraestrutura da região.
O fim do bloqueio facilitaria o processo de reconstrução. Porém, um alto funcionário israelense alertou nesta semana para as "longas e difíceis negociações" que estão à frente, antes de trocas definitivas e outros avanços nas negociações.
Um exemplo da tensão que permanece foi a declaração dada ontem mesmo pelo líder do Hamas no exílio. Falando de Damasco, capital da Síria, Khaled Meshaal disse que os militantes que foram capazes de capturar Shalit e mantê-lo em segurança por mais de três anos são capazes de capturar outros soldados "até que não haja nem mesmo um prisioneiro nas cadeias inimigas".

Com agências internacionais



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