São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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Equador investiga coronéis e afasta generais por motim

Membros da cúpula da polícia foram presos, mas depois liberados por juiz

Correa diz que havia um plano para assassiná-lo, enquanto chanceleres da Unasul prometem medidas contra golpes

Martin Mejia/Associated Press
Garoto segura cartaz em defesa do presidente Correa

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A QUITO (EQUADOR)

A Justiça do Equador abriu investigação para apurar a responsabilidade de três coronéis da Polícia Nacional na rebelião da última quinta-feira. Os oficiais, que chegaram a ser presos por algumas horas e liberados à tarde, estão proibidos de deixar o país.
Durante a rebelião, o presidente Rafael Correa foi atingido por gás lacrimogêneo e precisou ser hospitalizado.
A causa foi a insatisfação com a remoção de benefícios da carreira policial. Correa diz ter sido vítima de tentativa de golpe e que ficou sequestrado no hospital até ser resgatado por uma tropa fiel.
O comandante da Polícia Nacional, Freddy Martínez, renunciou um dia depois do incidente. Cinco generais foram destituídos do cargo.
"O Ministério Público e a polícia, que teve a cúpula renovada, têm dois dias para terminar as investigações preliminares", disse à Folha Miguel Carvajal, ministro da Segurança. "Um episódio como esse deixa lacerações sociais e institucionais."
Correa, em reunião ministerial transmitida pela TV, rebateu a afirmação de um médico de que ele não havia sido feito refém.
"Um infame médico do hospital disse que eu sou mentiroso. Sim! Por isso, convocou-se 600 homens de forças especiais", disse ele, que afirmou que o plano era matá-lo. O Ministério da Saúde fala em oito mortos.

SEM MORTE CRUZADA
Anteontem, Correa recebeu chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) em Quito.
Ao final da reunião, o Equador anunciou a decisão do bloco de redigir uma "cláusula democrática", a exemplo da OEA (Organização dos Estados Americanos), para definir medidas concretas de reação a golpes, como fechamentos de fronteiras e embargo comercial.
O país especulava ainda se Correa cumpriria as ameaças de dissolver o Parlamento e convocar eleições gerais, a chamada "morte cruzada".
Mas ontem a ministra da Coordenação Política, Doris Soliz, descartou essa opção.
"Sim, tocamos no tema da morte cruzada. Mas o que aconteceu muda substancialmente o panorama político.", disse à Folha. "Esta descartado neste momento."
A ministra disse ainda que o governo enviará imediatamente ao Parlamento projeto de reforma da lei do serviço público, o estopim da rebelião policial. Segundo ela, o novo texto vai "clarear" a redação de trechos do texto e será um espaço para "revisar as reivindicações em termos econômicos" dos policiais.


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