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Equador investiga coronéis e afasta generais por motim
Membros da cúpula da polícia foram presos, mas depois liberados por juiz
Correa diz que havia um plano para assassiná-lo, enquanto chanceleres da Unasul prometem medidas contra golpes
Martin Mejia/Associated Press
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Garoto segura cartaz em defesa do presidente Correa
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A QUITO (EQUADOR)
A Justiça do Equador abriu
investigação para apurar a
responsabilidade de três coronéis da Polícia Nacional na
rebelião da última quinta-feira. Os oficiais, que chegaram
a ser presos por algumas horas e liberados à tarde, estão
proibidos de deixar o país.
Durante a rebelião, o presidente Rafael Correa foi atingido por gás lacrimogêneo e
precisou ser hospitalizado.
A causa foi a insatisfação
com a remoção de benefícios
da carreira policial. Correa
diz ter sido vítima de tentativa de golpe e que ficou sequestrado no hospital até ser
resgatado por uma tropa fiel.
O comandante da Polícia
Nacional, Freddy Martínez,
renunciou um dia depois do
incidente. Cinco generais foram destituídos do cargo.
"O Ministério Público e a
polícia, que teve a cúpula renovada, têm dois dias para
terminar as investigações
preliminares", disse à Folha
Miguel Carvajal, ministro da
Segurança. "Um episódio como esse deixa lacerações sociais e institucionais."
Correa, em reunião ministerial transmitida pela TV, rebateu a afirmação de um médico de que ele não havia sido feito refém.
"Um infame médico do
hospital disse que eu sou
mentiroso. Sim! Por isso,
convocou-se 600 homens de
forças especiais", disse ele,
que afirmou que o plano era
matá-lo. O Ministério da Saúde fala em oito mortos.
SEM MORTE CRUZADA
Anteontem, Correa recebeu chanceleres da Unasul
(União de Nações Sul-Americanas) em Quito.
Ao final da reunião, o
Equador anunciou a decisão
do bloco de redigir uma
"cláusula democrática", a
exemplo da OEA (Organização dos Estados Americanos), para definir medidas
concretas de reação a golpes,
como fechamentos de fronteiras e embargo comercial.
O país especulava ainda se
Correa cumpriria as ameaças
de dissolver o Parlamento e
convocar eleições gerais, a
chamada "morte cruzada".
Mas ontem a ministra da
Coordenação Política, Doris
Soliz, descartou essa opção.
"Sim, tocamos no tema da
morte cruzada. Mas o que
aconteceu muda substancialmente o panorama político.", disse à Folha. "Esta
descartado neste momento."
A ministra disse ainda que
o governo enviará imediatamente ao Parlamento projeto
de reforma da lei do serviço
público, o estopim da rebelião policial. Segundo ela, o
novo texto vai "clarear" a redação de trechos do texto e
será um espaço para "revisar
as reivindicações em termos
econômicos" dos policiais.
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