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Aliança Lula-Correa ajuda a proteger ativos do Brasil
Trabalho diplomático pode impedir ataques a empresas, afirma analista
Petrobras e Odebrecht
representam interesses brasileiros no Equador; balança comercial é favorável ao Brasil
LUÍS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO
O alinhamento do governo
de Luiz Inácio Lula da Silva
com o presidente Rafael Correa e o trabalho da diplomacia tornam as empresas brasileiras menos vulneráveis a
uma eventual crise ou onda
nacionalista no Equador.
O país foi alvo na última
quinta-feira de uma rebelião
de parte da polícia nacional,
uma ação interpretada pelo
governo Correa como uma
tentativa de golpe de Estado.
Entre os principais interesses brasileiros no país está
um consórcio integrado pela
Petrobras, responsável pela
extração de 32 mil barris de
petróleo/dia -cerca de 10%
da produção do país.
Desde agosto, a empresa
negocia sua adaptação a
uma nova lei, sancionada
por Correa neste ano.
Ela nacionaliza o petróleo
e altera as formas de remuneração da produção da commodity, na prática diminuindo os lucros de empresas estrangeiras.
Outro interesse brasileiro é
a construtora Odebrecht, que
operou no Equador por 20
anos e foi expulsa em 2007
após construir uma hidroelétrica que apresentou falhas.
Em julho deste ano, a Odebrecht fechou um acordo para voltar ao país.
"São empresas muito
grandes para esses mercados. Começa a haver uma
percepção do Brasil não como aquele país amigo, do futebol, mas de um país empreendedor e pragmático",
disse Alberto Pfeifer, do Instituto de Relações Internacionais da USP.
Segundo ele, essas empresas começam então a ser vistas como "imperialistas", por
atuarem em áreas estratégicas do país.
Não há um acordo de resolução de controvérsias que
impeça as empresas brasileiras de sofrerem ataques de
governos nacionalistas ou
que tenham necessidade de
gerar fatos para aumentar
seu apoio interno.
Por isso, a solução do governo brasileiro para diminuir essa vulnerabilidade é
apostar em financiamentos
do BNDES e no trabalho diplomático para melhorar a
imagem do Brasil junto a governos como o do Equador.
"Significa ir à Unasul
[União de Nações Sul-Americanas] fazer um discurso em
favor do governo [equatoriano] e defender suas instituições", disse Pfeifer. "Mas o
interesse é comercial e empresarial".
Ele avalia que, por causa
desse trabalho diplomático,
as empresas brasileiras não
seriam as primeiras vítimas
de uma eventual crise.
A resistência brasileira a
problemas no Equador também é minimizada pela natureza do comércio entre os
dois países.
O Brasil vem acumulando
saldos altamente positivos
no comércio com o Equador
pelo menos desde a década
de 1990. Só neste ano, as exportações brasileiras foram
da ordem de R$ 1 bilhão.
As importações não chegaram a R$ 65 milhões.
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