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GUERRA SEM LIMITES
Relatos indicam ineficácia da tática dos "tapetes de bombas" diante da resistência do Taleban
Cresce pressão para ação em terra
DA REDAÇÃO
Os aviões B-52 dos EUA voltaram a realizar ataques maciços sobre as trincheiras do Taleban, ao
mesmo tempo em que surgem relatos de que o lançamento desses
"tapetes de bombas" não são eficazes para eliminar soldados do
grupo que controla o Afeganistão.
Como nos dois dias anteriores,
dezenas de bombas foram despejadas ao sul de Mazar-e-Sharif e
ao norte de Cabul, locais em que o
Taleban resiste às ofensivas dos
rebeldes da Aliança do Norte,
mesmo com a presença de forças
americanas em solo afegão para
coordenar os ataques aéreos.
A aparente ineficiência dessa tática, relatada por jornais americanos como o "The New York Times" (leia texto ao lado), fez crescer nos EUA a pressão para que o
país envie soldados ao Afeganistão para enfrentar diretamente os
combatentes do Taleban.
"Não é possível vencer a guerra
só pelo ar ou com a Aliança do
Norte atacando por terra. Será
preciso usar nas ofensivas as forças terrestres dos EUA", disse um
oficial do Pentágono, sob a condição de permanecer anônimo.
Os sinais de resistência do Taleban também foram observados
por integrantes do Exército paquistanês, aliado formal dos EUA.
Segundo um alto oficial, após
quase quatro semanas de bombardeio, "a maior parte das tropas
do Taleban continua em condições de combate, e o arsenal para
luta terrestre está quase intacto".
Na avaliação de outros oficiais
americanos, a decisão de enviar
tropas americanas para combate
terrestre, apesar de necessária,
pode demorar meses. "O governo
quer evitar ao máximo o envio de
um número expressivo de homens, pois sabe que o apoio à
guerra cairá quando surgirem os
primeiros soldados americanos
mortos", declarou o militar.
A mídia americana e britânica
também fez críticas ao atual curso
das operações. Em editorial, o
"The New York Times" disse que
"muito ainda precisa ser feito para estabelecer condições favoráveis para uma campanha terrestre
efetiva". O londrino "The Guardian" afirmou: "Se isso é o melhor
que os EUA podem fazer, é melhor parar e repensar tudo".
O presidente dos EUA, George
W. Bush, rebateu as críticas na
tarde de ontem ao dizer que "a
campanha vai bem". "Com passo
lento mas seguro, estamos atingindo nossos objetivos", afirmou.
Mais homens
No momento, os EUA possuem
menos de cem homens dentro do
Afeganistão. Mesmo que esse número cresça três ou quatro vezes,
como prometeu anteontem o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, ainda será inferior ao necessário para combater o Taleban,
cujo Exército tem 50 mil homens.
Pelos cálculos de diplomatas
ocidentais, a queda do Taleban só
ocorrerá quando ao menos 20 mil
soldados dos EUA estiverem lutando no Afeganistão, além de
apenas orientar os 20 mil da
Aliança do Norte. Acredita-se
também que seja necessário intensificar as ofensivas aéreas, que
podem ser consideradas leves em
comparação à ação dos EUA em
conflitos recentes.
Até agora, os americanos têm
uma média de 63 ações de combate por dia no Afeganistão. No conflito de Kosovo (1999), eram 500
ataques aliados por dia contra 40
mil homens das forças sérvias. Na
Guerra do Golfo (1991), foram
1.500 missões diárias para combater os 500 mil soldados do Iraque.
A impressão de que será necessário aumentar o número de americanos nos EUA também cresce
quando observados os números
da confronto da União Soviética
com o Afeganistão. Durante os
dez anos de guerra (1979-89), os
soviéticos chegaram a ter 115 mil
soldados no país. Derrotados, deixaram a região com mais de 15
mil combatentes mortos.
Americanos "mortos"
Ainda ontem, o Taleban disse
que entre 70 e 100 soldados dos
EUA já morreram desde o início
dos ataques, há 26 dias. Ao fazer o
anúncio, o cônsul do Taleban em
Karachi (Paquistão), Rahmatolah
Karkezad, não deu detalhes sobre
como as mortes teriam ocorrido.
O Pentágono negou a afirmação,
classificada como "mentirosa".
A milícia disse estar à caça de
Hamid Karzai, aliado do ex-rei
afegão, Zahir Shah. Karzai está no
Afeganistão para organizar levante contra o Taleban, em ato semelhante ao do rebelde Abdul Haq,
preso e executado pelo milícia.
Informes do Pentágono indicaram que houve confronto no sul
do Afeganistão entre o Taleban e
comandados de Hamid Karzai.
Com agências internacionais
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