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PÓS-ATENTADO
Bombeiros enfrentam policiais e prefeitura devido à redução em equipes de resgate do WTC
Heróis de Nova York entram em choque
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Acabou a lua-de-mel entre
bombeiros, policiais e a Prefeitura
de Nova York. Ontem, centenas
de soldados do Corpo de Bombeiros foram às ruas protestar contra
a decisão do prefeito Rudolph
Giuliani de reduzir o número de
pessoas que trabalham no resgate
de corpos nos escombros do
World Trade Center.
A corporação foi de longe a
mais atingida pelo atentado de 11
de setembro. Dos 11 mil bombeiros, 343 morreram no dia; destes,
calcula-se que os restos de ao menos 250 continuem no local.
Na manhã de ontem, ao tentar
ultrapassar as barricadas que cercam o local do acidente, no sul de
Manhattan, os soldados entraram
em atrito com a polícia, choque
que se repetiu diante da prefeitura. Três foram presos por desordem e protesto não autorizado.
Até agora, bombeiros, policiais
e funcionários da prefeitura haviam sido alçados à condição de
heróis pela população e pela imprensa da cidade por seu papel no
dia do atentado e experimentavam uma unidade inédita.
No chamado "ponto zero", os
manifestantes fizeram um minuto de silêncio e cantaram "God
Bless America". "Prefeito Giuliani, deixe-nos trazer nossos irmãos
para casa", diziam cartazes. "Nosso aviso está dado. Se tivermos de
voltar aqui, será com 5.000 homens", ameaçou Peter Gorman,
presidente do sindicato.
Giuliani anunciara, no começo
da semana, que diminuiria o número de pessoas nos escombros,
como medida de segurança e
também porque as horas extras
pagas devem onerar em 70% a folha de pagamento da cidade.
"Não quero mais que 24 bombeiros e 24 oficiais por turno de
trabalho no WTC", disse. O número, até então, variava de 60 a 80
soldados das duas corporações,
além de centenas de voluntários
pagos da construção civil.
Uma das acusações feitas aos
manifestantes é que a corporação
quer manter o status atual somente para aumentar os contracheques. "Isso não tem nada a ver
com dinheiro", disse Gorman.
Segundo ele, "a redução é uma
tentativa não declarada da prefeitura de acabar com a etapa de recuperação de corpos e passar a só
remover entulho, para agilizar o
trabalho". Isso estaria incomodando as famílias das vítimas.
Na tentativa de quebrar o gelo, a
secretaria de Turismo do Havaí
ofereceu 1.200 pacotes gratuitos
de férias para as equipes no WTC,
"os mais corajosos e generosos
heróis" do país, segundo o governador Ben Cayetano.
Giuliani deve selecionar 600
pessoas para passar uma semana
na ilha de Waikiki, a partir de 2 de
dezembro. Então, a cada mês a
partir de 2002, 50 serão enviados
até o fim do ano que vem.
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