São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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Árabes torcem por mudança nos EUA

DA REDAÇÃO

A eleição nos Estados Unidos foi capa de quase todos os jornais do Oriente Médio. As redes de TV estavam coberturas ininterruptas da votação.
A "Al Arabya" pedia aos telespectadores que telefonassem e dissessem se preferiam o presidente George W. Bush ou o senador democrata John Kerry. O resultado da pesquisa, sem rigor científico, surpreende em uma região onde Bush é considerado um vilão: 53% a favor do presidente e 47% preferindo o democrata -a elevada audiência dessa rede no Kuait, onde Bush é visto como aquele que libertou o país da ameaça de Saddam Hussein, pode ter contribuído.
Apesar de os governos do Oriente Médio buscarem reduzir o impacto do resultado nas suas relações com os EUA, muitos árabes e muçulmanos se mostram frustrados e irritados com o que eles enxergam como equivocada política americana para a região.
"No mundo árabe, é consenso que a administração Bush tornou as coisas piores, especialmente para os palestinos e os iraquianos", escreveu o diário "Jordan Times", de Amã, em editorial.
"Árabes e muçulmanos observam com atenção o resultado da eleição. Quem sabe, se Kerry vencer, haverá alguma esperança para resolver as questões do Iraque e da Palestina", afirmou o também jordaniano "Al Rai".
O candidato democrata já disse que pretende mudar a política em relação ao Iraque. Mas, quando o assunto é o conflito israelo-palestino, há poucas diferenças entre as propostas de Bush e as dele.
Ali Okla Ersan, diretor da União dos Jornalistas da Síria, afirmou que a esperança é que "o próximo presidente dos EUA tenha uma atitude mais balanceada, especialmente na questão da Palestina".
Já o "Syria Times", diário em inglês de Damasco, afirma que "Bush e Kerry são a mesma coisa". "Os árabes querem honestidade, independentemente de quem vença a eleição."
No Irã, que não é árabe, o presidente Mohammad Khatami disse não ter preferência. "Mas esperamos que o eleito, seja Bush ou Kerry, atenda aos interesses dos americanos sem interferir em outros países", acrescentou.
O único jornal abertamente pró-Bush é o "Al Anba", do Kuait. Um colunista do jornal escreveu: "Nós kuaitianos amamos e respeitamos os Bushes porque eles moveram o mundo para libertar o Kuait de Saddam Hussein".
Segundo autoridades palestinas, Iasser Arafat, internado em Paris, não quis dizer se apóia Kerry ou Bush, que o acusava de ser ligado ao terrorismo.


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