São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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Anti-Bush, Europa engrossa coro a favor de Kerry

ÉRICA FRAGA
DE LONDRES

A preferência explícita dos europeus pelo candidato John Kerry, sua rejeição a George W. Bush e a ansiedade em relação ao resultado da eleição nos EUA dominaram a Europa ontem. Isso se refletiu no tom da cobertura jornalística do evento, destacado por muitos veículos como fundamental para o futuro do mundo.
Alguns jornais que já haviam manifestado apoio a Kerry, como o britânico "The Independent", aproveitaram para pedir votos para o candidato novamente. "Numa disputa entre fé e razão, a América deve votar por Kerry e oferecer esperança ao mundo" era o título de editorial de ontem.
O francês "Le Monde" publicou matéria que ressaltava a preferência dominante dos principais veículos europeus pelo candidato democrata. O "Le Soir", da Bélgica, trouxe pesquisa própria mostrando que, se os belgas fossem às urnas, Kerry teria 70% dos votos.

Despesa recorde
"O clima aqui hoje (ontem) é o de reforçar a preferência esmagadora por Kerry enquanto os resultados são aguardados com ansiedade" disse Anthony Browne, correspondente do "The Times" em Bruxelas.
O interesse da Europa pela disputa entre os dois candidatos à Casa Branca foi tão grande que alguns setores da mídia fizeram investimentos recordes para a cobertura destas eleições.
Segundo o "The Times" de ontem, a rede BBC, a mais importante do Reino Unido -reúne TV, rádio e internet- investiu o equivalente a mais de R$ 4 milhões para cobrir as despesas com a equipe de 180 profissionais enviados aos EUA.
A grande expectativa dos europeus em relação à eleição americana também se refletiu no destaque dado por alguns jornais ontem à programação das redes de televisão e rádio para aqueles que estivessem dispostos a acompanhar a apuração pela madrugada adentro.
Um dos grandes temores dos canais de televisão do Reino Unido era o de que os problemas de contagem dos votos ocorridos em 2000 voltassem a acontecer neste ano. A BBC, por exemplo, adotaria, segundo o "The Times", o mote "Melhor estar certo do que na frente", ao apresentar seus gráficos tridimensionais com a triagem dos votos.
A preocupação com possíveis problemas na apuração não se restringe à imprensa. O mercado financeiro elegeu esse aspecto como o seu maior temor nos últimos dias.
Mas, na Bolsa eletrônica Tradesports.com, os negócios com contratos políticos ontem mantinham Bush como vencedor, com probabilidade de 54%.


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