|
Próximo Texto | Índice
CRIME
Enfermeiro Ted Maher terá de cumprir sua pena na França ou nos EUA porque a única prisão de Mônaco está cheia
Assassino de Safra pega dez anos de prisão
DA REDAÇÃO
O enfermeiro americano Ted
Maher, 44, foi condenado ontem,
em Mônaco, a dez anos de prisão
por ter ateado fogo ao apartamento do banqueiro Edmond Safra
para simular um assalto, matando
o próprio Safra e a enfermeira Vivian Torrente.
Maher terá de cumprir sua pena
na França ou nos EUA porque
Mônaco, um minúsculo principado situado perto da fronteira entre a França e a Itália, não tem vaga na sua única prisão. O principado é conhecido por ser frequentado por ricos e famosos.
Safra e Torrente morreram asfixiados pela fumaça do incêndio
na madrugada de 3 de dezembro
de 1999. O banqueiro, que sofria
de mal de Parkinson e era obcecado por segurança, trancou-se com
Torrente num dos banheiros do
apartamento -por sugestão de
Maher- para proteger-se do que
imaginava ser um ataque à sua luxuosa cobertura.
Ao simular o incêndio e pedir
ao porteiro noturno que chamasse a polícia, Maher, que, anteriormente, fora militar e segurança de
um cassino em Las Vegas, pretendia parecer um herói para Safra,
buscando, assim, obter um aumento de salário. Após dizer à polícia que tinha visto dois homens
mascarados no apartamento, ele
reconheceu ser responsável pelo
incêndio e ter-se cortado com
uma faca para simular um ataque.
"Maher é como um bombeiro
que começa um incêndio. Ele fez
isso para ser um herói... Pensamos que o que ele fez foi, logicamente, estúpido, mas não houve a
intenção de ferir essas pessoas",
disse Michael Griffith, um dos advogados de defesa de Maher, durante o julgamento. Griffith defendeu Billy Hayes, um americano preso na Turquia por narcotráfico, cuja história inspirou o filme "O Expresso da Meia-Noite".
Maher recebia US$ 600 por dia,
não pagava imposto sobre o que
recebia (Mônaco é um paraíso fiscal) e tinha direito a alimentação e
hospedagem gratuitas. Tudo isso
para cuidar de Safra.
"Eu gostava muito dele [Safra].
Ele me respeitava, e eu o respeitava. Foi uma idéia estúpida", disse
Maher na abertura de seu julgamento, no mês passado. "Pelo
resto de minha vida, vou viver
com isso. Foi um terrível acidente", acrescentou.
Segundo a lei de Mônaco, Maher não poderá apelar da sentença. Ele poderá apenas pedir uma
revisão de seu julgamento, buscando uma anulação da sentença
por conta de eventuais erros técnicos durante o processo.
Na época de sua morte, aos 67
anos, Safra, nascido no Líbano e
naturalizado brasileiro, era um
dos homens mais ricos do planeta. Era dono do Safra Republic
Holding e do grupo Republic New
York Corporation, vendidos ao
HSBC -por US$ 10,3 bilhões-
após sua morte.
Segundo o jornal francês "Le
Monde", os irmãos de Edmond,
Moise e Joseph, que vivem no
Brasil, se irritaram com o fato de
uma parte do império Safra sair
das mãos da família. Eles também
estariam ressentidos com Lily Safra, viúva do banqueiro, que é
acusada de ter instigado Edmond
a mudar seu testamento. Ela recebeu US$ 3 bilhões após a venda do
Republic Bank.
A carioca Lily Safra, 65, é a
maior acionista da rede de lojas
Ponto Frio. Após a morte do marido, mudou-se para Londres. Ela
é amiga pessoal do príncipe Charles e foi apelidada pelos ingleses
de "Lily Dourada".
Próximo Texto: Educação: Supremo dos EUA vai reexaminar ação afirmativa Índice
|