São Paulo, terça-feira, 03 de dezembro de 2002

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VENEZUELA

80% do país parou, segundo organizadores; governo diz que produtores de 81% do PIB trabalharam normalmente

Chávez e oposição cantam vitória em greve

DA REDAÇÃO

Governo e oposição venezuelanos cantaram ontem vitória na paralisação nacional convocada para protestar contra o presidente Hugo Chávez. Não houve registros de incidentes graves.
Para a oposição, a paralisação, iniciada às 6h, teve adesão de 80% dos venezuelanos. O governo, por sua vez, disse que a greve fracassou, porque os setores que respondem por 81% do PIB (Produto Interno Bruto) do país estavam trabalhando normalmente.
O presidente da Confederação dos Trabalhadores da Venezuela (CTV), Carlos Ortega, anunciou que a paralisão continuará hoje. Ele acrescentou que, por razões estratégicas, não irá dizer até quando será prolongada a greve.
O ministro do Interior e da Justiça. Diosdado Cabello, disse que a prorrogação "é irracional".
"Mais de 16 milhões de pessoas estão participando do protesto", disse o secretário-geral da CTV, Manuel Cova.
A greve geral de ontem foi a quarta convocada pela oposição desde dezembro do ano passado. Em abril, uma manifestação durante uma greve geral levou a um fracassado golpe cívico-militar, que afastou Chávez da Presidência por dois dias.
A oposição pressiona pela realização de um referendo para pedir a Chávez que renuncie ao cargo e convoque eleições antecipadas. No início do mês, a oposição apresentou um abaixo-assinado com 1,5 milhão de assinaturas a favor do referendo.
Na quinta-feira, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) anulou uma decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que havia marcado para fevereiro a realização do referendo.
O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), César Gaviria, que está em Caracas para mediar uma negociação entre o governo e a oposição, suspendeu ontem as reuniões da mesa de diálogo até o fim da paralisação.

"Normalidade"
O movimento nas ruas das principais cidades do país era menor do que o normal, mas significativamente maior do que nas paralisações anteriores.
O comandante-geral da Guarda Nacional, Eugenio Gutiérrez, confirmou a prisão de algumas pessoas "por perturbação da ordem pública". Dois sindicalistas foram presos no norte por piquetes, e outras pessoas foram presas por atirar pregos em estradas para furar os pneus dos carros.
Para o governo, a situação ontem era de "normalidade". "Os setores que produzem 81% do PIB do país estão trabalhando normalmente", disse a ministra do Trabalho, María Cristina Iglesias. "Em muitos locais de trabalho, a greve já fracassou, ou melhor, nem começou. A situação é de normalidade, não há nenhum tipo de violência", disse.
A PDVSA, a gigante estatal do petróleo, responsável por mais de dois terços das exportações do país, estava funcionando normalmente, segundo sua direção. A Venezuela é o quinto maior produtor mundial de petróleo.


Com agências internacionais


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