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São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

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VENEZUELA

Para ele, a afirmação do secretário-geral, segundo a qual não houve fraude na campanha pelo referendo, "cheira mal"

Chávez acusa OEA de favorecer oposição

DA REDAÇÃO

Dois dias depois de acusar a oposição de promover uma "megafraude" para tirá-lo do poder, Hugo Chávez criticou o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), César Gaviria, acusando-o de favorecer seus adversários durante a campanha de coleta de assinaturas em favor de um referendo para abreviar o mandato do presidente venezuelano.
"O doutor Gaviria deu uma declaração que, para mim, cheirou mal. Devo dizer isso aqui e para todo o mundo, se é necessário dizer", disse Chávez, na madrugada de ontem, diante de dezenas de seguidores reunidos na frente do Palácio Miraflores, em Caracas para "celebrar a vitória".
Horas antes, durante entrevista coletiva, Gaviria disse que não tinha encontrado "razões para pensar que tenha havido uma fraude generalizada" durante a campanha da oposição, realizada de sexta-feira a segunda-feira.
Os chavistas, no entanto, acusam empresários da oposição de coagir seus funcionários a assinar a petição contra Chávez e dizem que houve casos de falsificação de assinaturas. Eles prometem entregar provas ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Chávez também disse que Gaviria privilegia a oposição. "Ele está muito ocupado, tem muitas reuniões lá pelo leste [de Caracas, onde se concentra a classe média e é um reduto da oposição]. Lamento muito, doutor Gaviria, mas você é livre aqui, este é uma país livre", afirmou o presidente.
Com a aprovação do governo e da oposição, a OEA e o Centro Carter (EUA) enviaram observadores internacionais para acompanhar tanto a campanha da oposição quanto a chavista, realizada uma semana antes para convocar referendos contra cerca de 40 deputados oposicionistas.
Em coletiva ontem à tarde, o colombiano Gaviria negou favorecer a oposição e disse que marcou uma reunião com Chávez. "Nós somos imparciais. Nós devemos ser imparciais", disse, após visita ao CNE, órgão responsável pela análise das assinaturas.
"Qualquer mal-estar que o presidente possa ter por assuntos protocolares eu me proponho a resolvê-lo, estou pedindo a ele uma reunião para vê-lo e dizer que tenho por ele gratidão e respeito", disse Gaviria.
Não é a primeira vez que os dois se estranham. Em fevereiro, Chávez disse que o ex-presidente colombiano deveria "colocar-se em seu lugar" após Gaviria ter pedido respeito aos direitos do líder empresarial Carlos Fernández, preso por envolvimento na greve geral ocorrida entre dezembro de 2002 e fevereiro deste ano.

3,6 milhões
Segundo a France Presse, a coalizão opositora, Coordenação Democrática, anunciou ontem que foram recolhidos 3,6 milhões de assinaturas contra Chávez.
De acordo com a Constituição, a oposição precisa de 2,4 milhões de assinaturas (20% do eleitorado) para conseguir um referendo contra Chávez, que seria realizado entre março e abril de 2004. O mandato de Chávez termina em 2007. "Quero assinalar que temos 3,6 milhões de assinaturas, que temos uma sobra de 1,2 milhão de assinaturas", disse um porta-voz da Coordenação.
O número final de assinaturas será certificado pelo CNE, que terá 30 dias para a contagem a partir do recebimento. As planilhas devem ser entregues pela oposição ao órgão nos próximos dias.
Além do referendo para afastar Chávez, a oposição também recolheu assinaturas contra 34 deputados do governo.


Com agências internacionais

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