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VENEZUELA
Para ele, a afirmação do secretário-geral, segundo a qual não houve fraude na campanha pelo referendo, "cheira mal"
Chávez acusa OEA de favorecer oposição
DA REDAÇÃO
Dois dias depois de acusar a
oposição de promover uma "megafraude" para tirá-lo do poder,
Hugo Chávez criticou o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), César
Gaviria, acusando-o de favorecer
seus adversários durante a campanha de coleta de assinaturas em
favor de um referendo para abreviar o mandato do presidente venezuelano.
"O doutor Gaviria deu uma declaração que, para mim, cheirou
mal. Devo dizer isso aqui e para
todo o mundo, se é necessário dizer", disse Chávez, na madrugada
de ontem, diante de dezenas de
seguidores reunidos na frente do
Palácio Miraflores, em Caracas
para "celebrar a vitória".
Horas antes, durante entrevista
coletiva, Gaviria disse que não tinha encontrado "razões para
pensar que tenha havido uma
fraude generalizada" durante a
campanha da oposição, realizada
de sexta-feira a segunda-feira.
Os chavistas, no entanto, acusam empresários da oposição de
coagir seus funcionários a assinar
a petição contra Chávez e dizem
que houve casos de falsificação de
assinaturas. Eles prometem entregar provas ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Chávez também disse que Gaviria privilegia a oposição. "Ele está
muito ocupado, tem muitas reuniões lá pelo leste [de Caracas, onde se concentra a classe média e é
um reduto da oposição]. Lamento
muito, doutor Gaviria, mas você é
livre aqui, este é uma país livre",
afirmou o presidente.
Com a aprovação do governo e
da oposição, a OEA e o Centro
Carter (EUA) enviaram observadores internacionais para acompanhar tanto a campanha da oposição quanto a chavista, realizada
uma semana antes para convocar
referendos contra cerca de 40 deputados oposicionistas.
Em coletiva ontem à tarde, o colombiano Gaviria negou favorecer a oposição e disse que marcou
uma reunião com Chávez. "Nós
somos imparciais. Nós devemos
ser imparciais", disse, após visita
ao CNE, órgão responsável pela
análise das assinaturas.
"Qualquer mal-estar que o presidente possa ter por assuntos
protocolares eu me proponho a
resolvê-lo, estou pedindo a ele
uma reunião para vê-lo e dizer
que tenho por ele gratidão e respeito", disse Gaviria.
Não é a primeira vez que os dois
se estranham. Em fevereiro, Chávez disse que o ex-presidente colombiano deveria "colocar-se em
seu lugar" após Gaviria ter pedido
respeito aos direitos do líder empresarial Carlos Fernández, preso
por envolvimento na greve geral
ocorrida entre dezembro de 2002
e fevereiro deste ano.
3,6 milhões
Segundo a France Presse, a coalizão opositora, Coordenação Democrática, anunciou ontem que
foram recolhidos 3,6 milhões de
assinaturas contra Chávez.
De acordo com a Constituição, a
oposição precisa de 2,4 milhões
de assinaturas (20% do eleitorado) para conseguir um referendo
contra Chávez, que seria realizado
entre março e abril de 2004. O
mandato de Chávez termina em
2007. "Quero assinalar que temos
3,6 milhões de assinaturas, que temos uma sobra de 1,2 milhão de
assinaturas", disse um porta-voz
da Coordenação.
O número final de assinaturas
será certificado pelo CNE, que terá 30 dias para a contagem a partir
do recebimento. As planilhas devem ser entregues pela oposição
ao órgão nos próximos dias.
Além do referendo para afastar
Chávez, a oposição também recolheu assinaturas contra 34 deputados do governo.
Com agências internacionais
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