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São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Comandante desmente prisão de suposto chefe de ataques; conselho apóia proposta de Washington para transição

EUA caçam vice de Saddam e prendem 27

DA REDAÇÃO

Depois da operação que resultou na morte de 54 iraquianos no último domingo, os EUA realizaram ontem uma extensa ação em Hawija, na região de Kirkuk (norte), em busca dos supostos comandantes dos ataques diários contra suas tropas e seus aliados.
As primeiras informações sobre a ação -dadas por uma autoridade curda na cidade e depois desmentidas- davam conta da prisão ou mesmo da morte de Izzat Ibrahim al Douri, o maior suspeito de organizar ataques contra americanos e o homem mais procurado pelos EUA no Iraque após o ex-ditador Saddam Hussein.
"Com certeza, ele não foi capturado na missão de hoje [ontem]", disse o major Doug Vincent, da brigada que executou a operação. Pelo menos 27 supostos insurgentes foram presos na ação.
Os EUA ofereceram uma recompensa de US$ 10 milhões por informações que levem à captura do conselheiro do ex-ditador, suspeito de ter elo com a rede terrorista Al Qaeda e o grupo Ansar al Islam. Al Douri, vice de Saddam no Conselho do Comando Revolucionário, figura em sexto na lista de iraquianos mais procurados pelos EUA e é o segundo mais graduado a continuar foragido.
A ampliação das operações americanas responde à intensificação das ações da insurgência nos últimos dois meses, as quais têm visado não somente alvos americanos mas também aqueles que se aliaram a Washington.
Mais um soldado dos EUA (o 189º no pós-guerra) morreu em um ataque iraquiano. O incidente ocorreu em Samarra (norte), mesma cidade que foi palco do confronto de domingo.

Aliados
O premiê espanhol, José María Aznar, declarou que manteria suas tropas no Iraque -Madri enviou cerca de 1.300 soldados- apesar da morte de sete agentes secretos do país no fim de semana. Cerca de 85% dos espanhóis, segundo pesquisa do Real Instituto Elcano, acreditam que o envio de engenheiros do país ao Iraque "não valha a pena".
Já o Japão anunciou um novo adiamento do envio de uma equipe de engenheiros e médicos. Mas o premiê Junichiro Koizumi reiterou que não retirará as equipes de apoio que já estão no Iraque.
Em Bruxelas para uma reunião da Otan, o secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, afirmou que "quase todos" os membros da aliança militar ocidental com tropas no Iraque se comprometeram a mantê-las até 2004. Os EUA têm hoje 130 mil militares no país e contam com outros 26 mil de nações aliadas.

Conselho iraquiano
Uma reportagem do jornal "The Washington Post" afirma que a maior parte dos integrantes do Conselho de Governo Iraquiano, que tem papel consultivo na administração do país e está submetido a Washington, apóia o plano americano de promover eleições indiretas para a escolha de um governo interino, que assumiria o poder em julho do ano que vem. Só após a promulgação de uma Constituição -processo que deve levar mais tempo do que os 12 meses inicialmente previstos- é que haveria eleição direta.
A posição esbarra nas queixas feitas pelo líder xiita Ali al Sistani, um dos mais importantes do país, que defende a promoção de eleições diretas já em 2004.
O conselho é integrado por representantes de todos os grupos sociais, étnicos e religiosos do país. Com uma população majoritariamente xiita (60%), o Iraque tenderia, em um pleito direto, a escolher um governante xiita. Já com eleições indiretas, há maior possibilidade de haver participação de outros grupos no poder.
A administração americana e os membros do conselho que apóiam sua proposta sustentam que seria impossível organizar eleições diretas no país de 24 milhões de pessoas e ainda sem uma nova Constituição em poucos meses.

Em alta
A aprovação do presidente George W. Bush melhorou após a visita-surpresa ao Iraque, revela pesquisa divulgada ontem pelo instituto de pesquisa eleitoral National Annenberg. O governo Bush foi aprovado por 61% dos 847 entrevistados quatro dias após a visita a Bagdá. Essa taxa era de 56% quatro dias antes da viagem, segundo o mesmo instituto.


Com agências internacionais


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