São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2004

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ÁFRICA

Kofi Annan pede que Ruanda desista de iniciativa militar e ajude no desarmamento de rebeldes hutus no país vizinho

ONU debate piora da crise Congo-Ruanda

DA REDAÇÃO

O Conselho de Segurança da ONU abriu ontem uma reunião emergencial depois que observadores do organismo relataram a presença de soldados de Ruanda na República Democrática do Congo (ex-Zaire).
O governo do Congo acusou Ruanda de invasão de território e instou o CS a responsabilizar pessoalmente o presidente ruandês, Paul Kagame, "pelos ataques contra a soberania do Congo e o processo de paz na região".
Em carta ao conselho, o diplomata congolês Nduku Booto também pediu a imposição de sanções econômicas contra Ruanda.
Na última terça-feira, Ruanda havia dito a líderes internacionais que planejava realizar "ataques cirúrgicos" contra rebeldes hutus radicados no país vizinho.
Ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu que Ruanda desista da ação militar e ajude nos esforços para desarmar e repatriar os rebeldes.
Segundo Mamadou Bah, porta-voz da missão da ONU na capital congolesa, Kinshasa, patrulhas aéreas e terrestres do organismo fotografaram acampamentos recém-ocupados e soldados com veículos no leste do Congo.
Antes, observadores do organismo haviam relatado um encontro com cerca de cem soldados supostamente ruandeses na cidade congolesa de Goma, próxima à fronteira com a Ruanda.
"Temos cada vez mais sinais que tendem a comprovar a presença de soldados ruandeses no Congo", disse Bah.
Relatos posteriores apresentados na reunião do CS indicam que até 8.000 soldados podem já estar na região. Cautelosos, funcionários da ONU disseram que a presença de tropas de Ruanda no Congo ainda precisa ser confirmada.
"Se houver necessidade para uma ação, agiremos. Mas ninguém ainda fez alguma proposta", disse o embaixador argelino Abdallah Baali, que preside a reunião. Até o fechamento desta edição, uma decisão não havia sido comunicada.
O assessor do governo ruandês para o Congo, Richard Sezibera, negou que soldados de Ruanda tenham entrado no país vizinho, mas disse que Ruanda se reserva o direito de fazê-lo caso as forças do Congo e da ONU não consigam desarmar os rebeldes.
"Todos as visões de soldados ruandeses no Congo relatadas são falsas", disse Sezibera.
OS EUA enviaram à região o diplomata Donald Yamamoto para tentar mediar uma solução pacífica para a crise.


Com agências internacionais

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