São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Para palestinos, retirada é propaganda; tanques ainda cercam Arafat

Israel desocupa cidades palestinas

DA REDAÇÃO

Israel iniciou ontem a retirada de tropas de cidades ocupadas na Cisjordânia, ao mesmo tempo em que o enviado norte-americano ao Oriente Médio, Anthony Zinni, desembarcava na região para a retomada das conversações com autoridades palestinas e israelenses.
Em Jenin e nos arredores de Ramallah, a desocupação teria sido total, de acordo com autoridades israelenses. Porém tanques e militares de Israel continuariam estacionados no centro de Ramallah, perto do local onde o líder palestino Iasser Arafat está confinado desde dezembro.
Anteontem, o governo israelense disse novamente que Arafat somente poderá deixar a cidade quando prender os responsáveis pela morte de um ministro israelense, em outubro.
Segundo o Ministério da Defesa de Israel, seria iniciada a retirada de Nablus ainda ontem, e os cercos de Qalqilia, Tulkarem e Hebron deveriam ser levantados.
A decisão israelense de se retirar de cidades palestinas acontece devido a uma nítida redução da violência na região após discurso de Arafat em 16 de dezembro, sob forte pressão internacional, pedindo o fim dos ataques de grupos extremistas palestinos.
Mas o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, afirmou que ainda não chegou a hora de implementar o plano Mitchell, elaborado pelos EUA, que prevê medidas dos dois lados para restabelecer a confiança mútua para a retomada das negociações de paz.
De acordo com Sharon, Arafat não está agindo para deter terroristas e são necessários sete dias de total calmaria antes da retomada do diálogo de paz.
A posição de Sharon não é compartilhada pelo seu ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, um dos mais moderados do governo israelense. Para o chanceler, talvez seja o momento de implementar o plano Mitchell.
Autoridades palestinas classificaram como "uma propaganda" a retirada das tropas israelenses das cidades na Cisjordânia. "É uma desocupação falsa", disse o ministro da Informação da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Abed Rabbo.
O ministro da Defesa de Israel, Benjamin Ben Eliezer, respondeu afirmando que o abrandamento nas restrições israelenses deve ser utilizado por Arafat para combater "a infra-estrutura do terror".
Tropas israelenses ocuparam militarmente cidades palestinas após a onda de atentados contra Israel em novembro e dezembro. Na ofensiva, instalações da ANP foram atingidas e Sharon rompeu relações com Arafat.

Prisões
Mesmo com o abrandamento nas restrições ao tráfego de palestinos na Cisjordânia e a retirada das cidades, Israel manteve operações em territórios palestinos. Em Hebron, quatro homens foram detidos por Israel. Eles estariam organizando um atentado, de acordo com autoridades militares israelenses. Um quinto homem foi detido na vila Kufr Ruman, na Cisjordânia.
O enviado dos EUA, que havia deixado a região em meados de dezembro após o fracasso da sua missão, retornou desta vez confiando em uma possível retomada do diálogo entre as duas partes.
Hoje pela manhã Zinni se encontra com Sharon e os ministros Peres e Ben Eliezer. Mais tarde, o enviado se reunirá com Arafat em Ramallah. Zinni pretende reunir autoridades de segurança dos dois lados no domingo.


Com agências internacionais


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