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ABUSO
Condenados foram decapitados
Arábia Saudita executa 3 por homossexualismo
MOUNA NAIM
DO "LE MONDE"
Três sauditas acusados de homossexualismo foram decapitados no dia 1º de janeiro no sul da
Arábia Saudita. Segundo o comunicado do Ministério do Interior
do país, Ali Ben Hatan Ben Saad,
Mohammad Ben Souleiman Ben
Mohammad e Mohammad Ben
Khalil Ben Abdallah foram condenados à morte depois de se reconhecerem culpados de "homossexualismo, casamento entre
eles e incitação à sedução de menores", atos descritos como "o cúmulo da torpeza e da infâmia".
O Ministério da Informação
saudita disse que o país "considera a pena capital o meio mais eficaz de salvaguardar o direito humano mais elementar: o direito à
vida". Na Arábia Saudita, as pessoas culpadas por assassinato, estupro e apostasia (mudança de religião), além de traficantes de drogas, são condenadas à morte.
Em 2001, ao menos 80 pessoas
foram executadas no país, segundo a agência de notícias France
Presse. O grupo americano de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) criticou a Justiça saudita e o silêncio
dos EUA, um dos principais aliados do país.
"Não existe nenhuma proteção
eficaz contra as prisões arbitrárias, a detenção sem culpa e a tortura", afirmou a ONG americana.
"O reino continua inacessível às
organizações de direitos humanos, e ninguém no país ousa se
engajar abertamente na vigilância
das violações aos direitos humanos."
Em relatório, a HRW critica
também a indiferença americana
quanto às violações da Arábia
Saudita, eleita em maio de 1999
membro da comissão de direitos
humanos da ONU. "Os tribunais
sauditas continuam a impor sanções cruéis, desumanas e degradantes", diz.
O grupo também faz críticas a
um regime que, "com a ausência
de órgãos eleitos em nível nacional e local e de qualquer instituição independente do governo ou
de seus aliados no interior da administração religiosa oficial, permite à família real monopolizar o
poder".
Em editorial, o jornal francês
"Le Monde" afirma que "o regime
saudita, um dos principais aliados
dos Estados Unidos na região, é
tão fanático quanto o do mulá
Omar em Cabul [capital do Afeganistão". Não é por acaso que a
Arábia Saudita foi um dos únicos
países a reconhecer o Afeganistão
do Taleban e a apoiá-lo ativamente até os atentados de 11 de setembro. Riad defendia ali sua versão
do islã".
"A dinastia dos Saud [que controla o país", cuja legitimidade
nem sempre é reconhecida, compra sua tranquilidade pagando
ordenados a uma hierarquia religiosa", disse o editorial, de acordo
com o qual "a sociedade saudita é
também vítima, de certa maneira,
de uma esquizofrenia coletiva: tudo é permitido quando permanece escondido, mas qualquer liberdade declarada, condenável".
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