São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2008

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análise

Economia mobiliza mais do que Iraque

ADAM NAGOURNEY
DO "NEW YORK TIMES", EM IOWA

Os pré-candidatos à Presidência estão tendo de enfrentar em Iowa um conjunto de questões muito diferente do que existia quando iniciaram suas campanhas, um ano atrás, e a mudança deve se acentuar ainda mais quando as votações se deslocarem pelo resto do país.
Mesmo que as pesquisas ainda demonstrem que os democratas de Iowa consideram a Guerra do Iraque como a principal questão que os EUA têm a enfrentar, o conflito está se tornando uma causa menos decisiva para o eleitor.
Em lugar disso, os candidatos estão respondendo a mais perguntas sobre a crise do setor de crédito hipotecário, a alta nos custos da gasolina, os problemas da saúde pública, a imigração, o ambiente e os impostos. A mudança sugere que a ansiedade econômica pode no mínimo se equiparar à segurança nacional como fator propulsor na campanha presidencial deste ano.
Os dias em que os debates e a publicidade de TV estavam repletos de referências ao Iraque são coisa do passado. A senadora Hillary Clinton produziu um comercial que criticava o governo Bush por seu "fracasso em combater a crise na habitação dos EUA". O republicano Mitt Romney está começando a propor uma expansão no sistema público de saúde.
John Edwards, da Carolina do Norte, tem uma resposta pronta quando as pessoas lhe fazem perguntas sobre a imigração em Iowa.
Dias atrás, ele recebeu aplausos em um comício em Ames quando disse que apoiaria a criação de um sistema que permita que os imigrantes ilegais adquiram a cidadania americana, mas insistiu em que nenhum deles deveria poder se naturalizar "até que aprenda a falar inglês".
Parte da mudança parece resultar da redução recente da violência no Iraque. Hillary, que no passado foi atacada pela esquerda democrata por ter votado em favor da guerra, em 2002, agora raramente é pressionada a respeito, ainda que os democratas afirmem que a questão continua a prejudicá-la.
"Estamos vendo muito mais preocupação quanto à economia", diz Mark Penn, o principal estrategista da campanha de Hillary.
"Há muito mais preocupação com o sistema de saúde. Agora temos uma mistura de guerra, economia e saúde."
Alex Castellanos, um dos estrategistas que comandam a campanha de Romney, disse que mais ou menos a mesma coisa vem acontecendo do lado republicano e sugeriu que isso pode ter contribuído para o sucesso de Mike Huckabee, ex-governador do Arkansas. "À medida que cresce a preocupação com a economia, percebem-se nos dois partidos traços de populismo, com o objetivo de atrair os eleitores", afirmou Castellanos.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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