São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2008

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Obama e Huckabee vencem disputa em Iowa

Senador democrata e ex-governador republicano chegam na frente em 1ª disputa por indicação à corrida presidencial nos EUA

No final da campanha no Estado, candidatos usaram família como trunfo entre eleitores; resultado inicial pode ajudar candidaturas

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DES MOINES

As assembléias de eleitores de Iowa deram ontem a primeira indicação do que será a disputa entre republicanos e democratas à eleição presidencial americana deste ano, com as vitórias, respectivamente, de Mike Huckabee e Barack Obama. Até 1h20 de hoje (horário de Brasília), o senador negro Barack Obama liderava entre os democratas: com 98% das assembléias apuradas, ele tinha 38% da preferência, seguido por John Edwards, com 30%, e Hillary Clinton, com 29%.
Em uma votação menos acirrada, Mike Huckabee liderava com folga entre os republicanos. Com 78% das assembléias locais apuradas, o ex-governador de Arkansas e ex-pastor, que congregou votos de conservadores e da direita religiosa, alcançava 34% da preferência. Em segundo vinha o ex-governador de Massachusetts, Mitt Romney, com 25%, seguido por John McCain, com 14%, e Fred Thompson, com 13%.
Em intenções de votos medidas nacionalmente, Hillary lidera entre os democratas, com 43,8%, e o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani vem em primeiro entre os republicanos, com 20,8%. Os dados são do Real Clear Politics, site independente que reúne pesquisas de intenção de voto no país.
A votação em Iowa, porém, pode influenciar as disputas internas dos partidos nos demais Estados. New Hampshire vem a seguir, com eleições primárias no próximo dia 8. Mas uma melhor definição de candidatos de cada partido só será vislumbrada depois da Superterça, em 5 de fevereiro, quando o Partido Democrata terá primárias e "caucuses" em 24 Estados e o Republicano, em 20.

Campanha familiar
No final da campanha em Iowa, parentes de candidatos eram avistados em quase todos os momentos. No último comício de Hillary Clinton, "Suddenly I See", a música tema do filme "O Diabo Veste Prada", tocou em alto volume. O marido, Bill Clinton, a filha, Chelsea, e a mãe, Dorothy Rodham, aguardaram-na em um canto do palco, rodeados por centenas de eleitores que gritavam "Hillary! Hillary! Hillary!".
Ao fechar o seu último ato no Estado, Hillary afirmou aos simpatizantes: "É tão bom ter tido minha família por perto nessa campanha! Acho que ajudou as pessoas a se lembrarem de o que é ter um presidente democrata".
No conservador Estado de Iowa, levar a família à campanha foi arma de praticamente todos os candidatos. Barack Obama circulou sempre acompanhado da mulher, Michelle. John Edwards, de sua mulher, Elizabeth. No comício de Mitt Romney, o público empunhava cartazes "Ann para primeira-dama", em referência à mulher de Romney, que se converteu à religião mórmon, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, após a relação.
A família é peça fundamental na eleição americana, diz Jerry Hagstrom, editor contribuinte da revista "National Journal". Ele exemplifica: "[O prefeito de Nova York] Michael Bloomberg, se decidir concorrer como independente, pode ter rejeição em grande parte do país por não ser casado com sua namorada, por mais que ele seja forte em Nova York", diz Hagstrom.
A imagem da família sólida ajuda a "vender" o programa de governo do presidenciável. "Os candidatos aqui têm que mostrar que se preocupam com assistência médica, educação, essas questões. Temas como o 11 de Setembro estão mais distantes", disse à Folha Terry Branstad, ex-governador de Iowa.
Mas não é só com os parentes que os candidatos podem contar, já que até ilustres desconhecidos largaram tudo em seus Estados para cair na estrada voluntariamente ao lado dos assessores de seus candidatos favoritos.


Confira o resultado final de Iowa na Folha Online

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