São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Khamenei evoca relação diplomática com os EUA

Discurso visa o próximo presidente americano

DA REDAÇÃO

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou ontem que "será o primeiro a apoiar o reatamento das relações diplomáticas com os Estados Unidos" se isso for conveniente para o regime islâmico.
Ele discursou para um grupo de estudantes na região de Yazd, e sua predisposição é interpretada como um recado ao próximo presidente americano, caso ele -ou ela- não adote a mesma política agressiva de George W. Bush.
Khamenei, sucessor do aiatolá Ruhollah Khomeini, costuma se pronunciar por alegorias ou afirmações indiretas. Sua retórica é bem diferente da praticada pelo grosseiro e intempestivo presidente Mahmoud Ahmadinejad, que na hierarquia oficial iraniana é um subordinado do líder supremo xiita.
As relações entre Teerã e Washington ficaram abaladas em 1979, com a revolução islâmica que derrubou o xá Reza Pahlavi, e foram rompidas com a ocupação da embaixada americana e o seqüestro por 444 dias de seus funcionários.
"Eu nunca afirmei que essa ruptura era definitiva", afirmou Khamenei. Disse, porém, que hoje uma hipotética retomada das relações "iriam ferir os interesses" de seu país. Isso porque ela permitiria que os EUA, "que nos hostilizam desde a revolução", praticassem "infiltração e espionagem".
O aiatolá afirmou que o Irã precisará daqui a duas décadas de 20 mil megawatts de eletricidade produzidos por reatores nucleares, num projeto ao qual o governo americano procura colocar obstáculos.
Esse é hoje o principal ponto de atrito entre Teerã e Washington, que acusa o regime islâmico de, ao enriquecer urânio em escala industrial, procurar combustível para produzir uma bomba atômica. Recente relatório dos serviços americanos de inteligência afirmou que até 2003 esse programa paralelo estava ainda ativo.
A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) tem criticado a inconsistência das informações iranianas e a impossibilidade de seus inspetores fiscalizarem todas as instalações nucleares do país.
O Irã já foi objeto de duas resoluções com sanções no Conselho de Segurança da ONU. Suas ambições nucleares preocupam a União Européia -o presidente francês, Nicolas Sarkozy, chegou a evocar a opção militar - e até países com os quais Teerã tem proximidade, como a Rússia e a China.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Ofensiva de Israel em Gaza deixa ao menos 3 civis mortos
Próximo Texto: Queda em Nova York: Homem cai do 47º andar de prédio e sobrevive
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.