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Raúl Castro volta a acenar a Obama
Líder cubano diz que conversa com presidente eleito deve ser "de igual para igual" e sem intermediários
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A HAVANA
O dirigente cubano Raúl Castro voltou a fazer um aceno de
diálogo à Casa Branca de Barack Obama, que assume no
próximo dia 20, e disse esperar
que o novo líder americano estabeleça uma "política justa"
para a ilha. "No dia em que quiser discutir, discutiremos. Mas
como iguais e sem a menor
sombra sobre a nossa soberania." Ele pediu que a conversa
se dê "sem intermediários".
Em entrevista à estatal TV
cubana, concedida no dia 31 e
exibida na íntegra na noite de
sexta-feira, Raúl -que, em ocasiões anteriores já havia expressado disposição ao diálogo- afirmou que a eleição de
Obama gerou muitas esperanças no mundo. Há expectativa
inclusive em Cuba, onde muitos elogiam o presidente eleito.
"Penso que a esperança é excessiva [em torno de Obama].
Dizem que é honesto, e creio
que é. Mas um homem não pode mudar o destino de um país.
Tomara que eu esteja errado",
continuou. "Quanto a nós, espero que tenha uma política
que seja justa."
Desde 1962, os EUA impõem
um embargo econômico à ilha
comunista. Washington não
tem relações diplomáticas formais com Cuba, e mantém um
escritório de promoção de
"mudança do regime" local.
Obama será o primeiro presidente americano, desde Jimmy
Carter (1977-1983), a cogitar
ter os Castro como interlocutores em uma negociação.
O presidente cubano teceu
comentários sobre outros projetos de Obama. "[Creio que
Obama] possa fazer avançar
ideias mais justas. Poderá interromper uma quase ininterrupta série, a de que quase cada
presidente americano teve sua
guerra. Dizem que vai sair do
Iraque. Uma boa notícia. Dizem que vai dobrar as tropas no
Afeganistão: má notícia. É preciso deixar os afegãos quietos."
Como havia dito no Brasil, há
três semanas, Raúl repetiu que
a negociação será "gesto por
gesto" e reiterou a rejeição à estratégia de "porrete e cenoura"
-Fidel Castro, em recente artigo, disse que Cuba não discutiria dessa forma.
"Não estamos apressados,
não estamos desesperados. Seguiremos esperando pacientemente. Coisa incrível que sejam pacientes os cubanos. [Mas
isso] já demonstramos."
Na entrevista, Raúl ainda comemorou a entrada de Cuba no
Grupo do Rio, o primeiro órgão
multilateral da região a que
adere desde sua suspensão da
OEA (Organização dos Estados
Americanos), em 1962.
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