|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Al Qaeda explora as debilidades do Estado
ANDREW ENGLAND
DO "FINANCIAL TIMES"
Enquanto toma chá adoçado
e com leite, Faisal Hider Qaed
descreve seu esforço para garantir a subsistência, vivendo
nos arredores de Sanaa.
Como policial, ele ganha 25
mil riais iemenitas (US$123)
mensais, dos quais gasta 10 mil
com o aluguel de sua casa, um
imóvel de blocos, sem pintura,
com dois quartos minúsculos,
um banheiro e uma cozinha
que Qaed divide com sua mulher, quatro filhos e a mãe.
A eletricidade é cortada com
certa frequência e não tem potência suficiente para garantir
o aquecimento nas noites frias
de inverno. Todo mês, Qaed
tem que comprar água, porque
não existe suprimento de água
potável: o Iêmen sofre uma escassez aguda de água e tem a
população em mais rápido
crescimento no mundo.
Qaed se queixa de não ganhar
o suficiente. Mas pode se considerar uma pessoa de sorte: tem
um emprego, em um país de desemprego grande e onde quase
a metade dos 23 milhões de habitantes sobrevive com menos
de US$ 2 por dia.
As dificuldades econômicas,
somadas a um governo ineficiente e ao Estado fraco, estão
ao cerne dos inúmeros problemas do país, que estaria prestes
a tornar-se um Estado falido e
incubador da Al Qaeda.
A pobreza, a escassez de serviços públicos e a ausência de
controle do governo sobre
grandes faixas do país são fatores capitalizados pelos extremistas, dizem especialistas.
"A Al Qaeda chega nas tribos
com sacos de dinheiro e professores para as escolas. Não estão
prometendo a jihad -estão
prometendo assistência econômica", afirma uma fonte do governo iemenita.
Jalal Yaqoub, vice-ministro
das Finanças do Iêmen, disse
ao "FT": "O cidadão comum
quer oportunidades de emprego e serviços como educação e
saúde melhores, mas o governo
não está oferecendo isso e continua incapaz de fornecê-lo."
A economia continua dependente das parcas reservas petrolíferas do Iêmen -que estão
minguando rapidamente.
Há queixas também de que o
Ocidente teria parte da culpa,
por ter ignorado o Iêmen por
tempo demais e ter deixado
passar oportunidades anteriores de ajudar um país que sofre
os efeitos de décadas de instabilidade.
Texto Anterior: Conselheiro de Obama diz que não havia prova cabal contra nigeriano Próximo Texto: EUA veem chance de mais sanções ao Irã Índice
|