São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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Al Qaeda explora as debilidades do Estado

ANDREW ENGLAND
DO "FINANCIAL TIMES"

Enquanto toma chá adoçado e com leite, Faisal Hider Qaed descreve seu esforço para garantir a subsistência, vivendo nos arredores de Sanaa.
Como policial, ele ganha 25 mil riais iemenitas (US$123) mensais, dos quais gasta 10 mil com o aluguel de sua casa, um imóvel de blocos, sem pintura, com dois quartos minúsculos, um banheiro e uma cozinha que Qaed divide com sua mulher, quatro filhos e a mãe.
A eletricidade é cortada com certa frequência e não tem potência suficiente para garantir o aquecimento nas noites frias de inverno. Todo mês, Qaed tem que comprar água, porque não existe suprimento de água potável: o Iêmen sofre uma escassez aguda de água e tem a população em mais rápido crescimento no mundo.
Qaed se queixa de não ganhar o suficiente. Mas pode se considerar uma pessoa de sorte: tem um emprego, em um país de desemprego grande e onde quase a metade dos 23 milhões de habitantes sobrevive com menos de US$ 2 por dia.
As dificuldades econômicas, somadas a um governo ineficiente e ao Estado fraco, estão ao cerne dos inúmeros problemas do país, que estaria prestes a tornar-se um Estado falido e incubador da Al Qaeda.
A pobreza, a escassez de serviços públicos e a ausência de controle do governo sobre grandes faixas do país são fatores capitalizados pelos extremistas, dizem especialistas.
"A Al Qaeda chega nas tribos com sacos de dinheiro e professores para as escolas. Não estão prometendo a jihad -estão prometendo assistência econômica", afirma uma fonte do governo iemenita.
Jalal Yaqoub, vice-ministro das Finanças do Iêmen, disse ao "FT": "O cidadão comum quer oportunidades de emprego e serviços como educação e saúde melhores, mas o governo não está oferecendo isso e continua incapaz de fornecê-lo."
A economia continua dependente das parcas reservas petrolíferas do Iêmen -que estão minguando rapidamente.
Há queixas também de que o Ocidente teria parte da culpa, por ter ignorado o Iêmen por tempo demais e ter deixado passar oportunidades anteriores de ajudar um país que sofre os efeitos de décadas de instabilidade.


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