São Paulo, terça-feira, 04 de janeiro de 2011

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Novo Congresso mira reforma da saúde

Republicanos, que vão ser maioria na Câmara dos Representantes, pretendem derrubar a lei até final deste mês

Líderes do partido dizem ter votos até para derrubar um veto de Obama; democratas fazem contra-ataque

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

O clima de acordo bipartidário que tomou conta do Congresso americano no mês passado chegou ao fim, e os republicanos, que passarão a ter maioria entre os deputados, prometem votar novamente, no dia 12 de janeiro, a reforma do sistema de saúde -uma das principais vitórias do governo Barack Obama.
Ainda que o plano tenha chances pequenas de ser bem-sucedido, a oposição pretende atrair democratas para o seu lado na disputa.
E Obama pode ficar numa situação embaraçosa às vésperas do discurso do Estado da União, em que o presidente estabelece as prioridades do governo. O discurso deve ocorrer no fim deste mês.
Um dos pontos que os republicanos querem mexer é o que exige que todos americanos tenham seguro de saúde, ou paguem multa.
Com isso, os republicanos sinalizam o tom da relação com o governo até 2012, quando terão maioria na Câmara dos Representantes (deputados) e diminuirão a vantagem democrata no Senado. Os novos congressistas tomam posse amanhã.
Nas últimas semanas, membros dos dois partidos fecharam acordos para aprovar projetos como o que alongou o prazo de duração dos cortes de impostos.
Para o republicano Fred Upton, o partido inclusive deverá ter votos para reverter o provável veto de Obama a mudanças na lei.
"Nós temos 242 republicanos [na Câmara, ante 193 membros governistas]. Eu acredito que haverá um número significativo de democratas que se unirão a nós."
Para que um veto presidencial caia, os republicanos precisariam de dois terços dos votos das duas Casas.
A tarefa fica ainda mais difícil levando em conta que os democratas terão 51 integrantes no Senado, quatro a mais que a oposição -há ainda dois independentes.
E os democratas não parecem que vão ceder na disputa facilmente pelo projeto que deve entrar em vigor em 2014 e elevar em 30 milhões o número de pessoas com acesso ao sistema de saúde.
Senadores como Harry Reid, o atual líder democrata no Senado, distribuíram carta em que afirmam que vão bloquear as tentativas republicanas de alterar a reforma do sistema de saúde.

TERRENO EM COMUM
Para Brian Darling, analista do "think tank" conservador Heritage Foundation, o clima de disputa deve continuar em outros grandes temas, como mudanças do sistema financeiro. Mas os partidos podem encontrar "terreno em comum" em áreas como reforma tributária.
Para ele, Obama não deve enfrentar o mesmo cenário que Bill Clinton passou em boa parte do dois mandatos, com oposição intransigente dos republicanos.
Darling diz ainda que a disputa entre Congresso e Casa Branca não deve ter grandes reflexos na eleição presidencial, e sim a economia. "Obama está condenado se a economia não reagir."


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