São Paulo, terça-feira, 04 de janeiro de 2011

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Irã convida Dilma a visitar o país no segundo semestre

Assessor de Ahmadinejad fez proposta em reunião em que se discutiu Sakineh e o programa nuclear do país

No Mercosul, Samuel Pinheiro Guimarães será indicado como o representante-geral do bloco sul-americano

SIMONE IGLESIAS
JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIA

O ministro das Cooperativas do Irã e assessor especial do presidente Mahmoud Ahmadinejad para a América Latina, Mohammad Abbasi, pediu ontem que fosse transmitido à presidente Dilma Rousseff um convite para visitar o país persa neste ano.
O pedido ocorreu em reunião com o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
A Folha antecipou o convite ontem, em entrevista concedida por Abbasi na véspera da posse de Dilma.
"Nós a convidamos para ir em setembro, mas depende dela", disse o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, ao deixar o encontro, no Palácio do Planalto.
Na conversa, dois temas polêmicos foram tratados pelo governo brasileiro: o caso da iraniana Sakineh Ashtiani e o programa nuclear do país.
Sakineh, 43, foi condenada à morte por apedrejamento, acusada de participação no assassinato do marido e de ter cometido adultério.
"Eu mencionei que havia da parte da sociedade brasileira uma sensibilidade muito grande para os temas relacionados com direitos humanos", disse Garcia.
Perguntado sobre a reação dos iranianos, respondeu: "Foi uma reação filosófica. Chegamos à conclusão de que é uma discussão interessante e que devemos continuar fazendo, mas achei que os nossos interlocutores ouviram e tomaram nota. Quando se toma nota, na diplomacia, é uma boa coisa", concluiu o assessor.
Na primeira entrevista após sua eleição, em outubro passado, Dilma endossou críticas ao Irã por violações de direitos humanos, incluindo a condenação por apedrejamento de Sakineh.
Ao deixar a reunião com Garcia, o embaixador Shaterzadeh disse que o caso Sakineh não havia sido tratado na reunião e que o apedrejamento da iraniana "não é assunto nosso", referindo-se ao governo iraniano.
Com relação ao programa nuclear iraniano, Garcia disse que conversou com Abbasi sobre o uso de energia nuclear para fins pacíficos.
No encontro, falaram ainda sobre o Oriente Médio e a importância de o Brasil reconhecer o Estado da Palestina.
Também ontem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, telefonou, por volta das 18h, para cumprimentar Dilma pela posse.
Segundo Garcia, a conversa foi sobre o Conselho de Segurança da ONU, cuja presidência rotativa passará a ser exercida pelo Brasil em fevereiro, e as eleições no Haiti.

DANÇA DAS CADEIRAS
O Brasil deverá indicar o ex-ministro da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) Samuel Pinheiro Guimarães para ser o alto representante-geral do Mercosul, espécie de porta-voz internacional do bloco aduaneiro.
A confirmação no cargo depende da aceitação dos demais membros do bloco.
No Itamaraty, haverá mudança na subsecretaria de Energia e Alta Tecnologia.
Sairá do cargo o embaixador André Amado para assumir o embaixador Luis Alberto Figueiredo, atual chefe do departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Itamaraty.
Figueiredo foi o negociador-chefe do Brasil na conferência do clima, em Copenhague, em 2009, quando se aproximou de Dilma.
A troca ainda não foi anunciada oficialmente.


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