São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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Atentado mata ao menos 135 em mercado de Bagdá

Caminhão-bomba visou área de maioria xiita; mais de 300 pessoas foram feridas, e 70 casas e lojas, destruídas

Premiê acusa "saddamistas'; segundo general, veículo levava "uma tonelada" de explosivos; resgate buscava corpos sob os escombros

DA REDAÇÃO

A explosão de um caminhão-bomba matou ao menos 135 pessoas e feriu mais de 300 ontem em um mercado no centro de Bagdá. O atentado, o mais sangrento a atingir a capital iraquiana em dois meses, ocorreu um dia depois de um relatório das principais agências de inteligência dos EUA afirmar que o conflito no Iraque já pode ser chamado de guerra civil.
O ataque usou um caminhão de comida e visou o bairro de Sadriya, área predominantemente xiita. Segundo o general Jihad al Jaberi, funcionário do Ministério do Interior, o veículo estava carregado com cerca de uma tonelada de explosivos. Pelo menos 30 lojas e 40 casas foram destruídas.
O atentado é o mais mortífero no Iraque desde a invasão americana, em março de 2003, provocado por explosão única -apenas ataques coordenados, que usaram mais de um carro-bomba, mataram mais.
O premiê Nuri al Maliki, xiita, acusou milícias sunitas e seguidores do ex-ditador Saddam Hussein (1979-2003), enforcado em dezembro. "Todos os iraquianos estão estarrecidos com este crime", declarou. A Casa Branca referiu-se ao ocorrido como "atrocidade" e prometeu ajudar o governo iraquiano a garantir a segurança na capital.
A explosão aconteceu por volta das 16h40 (hora local), quando o mercado estava repleto de pessoas que faziam compras para o jantar, e lotou de vítimas os hospitais da região, provocando cenas de caos.
Uma cratera se abriu na rua. Durante a noite, equipes de resgate ainda tiravam corpos dos escombros de barracas e lojas, temendo haver mais vítimas.
Mais cedo, em Kirkuk, cidade curda no norte do país, ataques deixou 4 mortos e 37 feridos.
O atentado em Bagdá é o maior em número de mortos desde 23 de novembro, quando um ataque com seis carros-bombas atingiu o bairro xiita de Cidade Sadr, matando 202 pessoas. Em dezembro último, outro atentado no mercado de Sadriya deixou 51 mortos.
Com o aumento da violência sectária no país, o governo dos EUA anunciou em janeiro o envio de mais 21,5 mil soldados ao Iraque, onde tem hoje um contingente de cerca de 140 mil. Ontem, o presidente George W. Bush disse a deputados da oposição democrata que seu compromisso com os iraquianos não era "sem prazo".
O quadro já havia levado o grão-aiatolá Ali al Sistani, principal líder espiritual xiita do país, a emitir um fatwa (decreto) horas antes do ataque: "A nação islâmica passa por desafios que ameaçam seu futuro". "Todos sabemos da necessidade de seguir unidos e rejeitar a tensão sectária", declarou.


Com agências internacionais


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