São Paulo, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011

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REVOLTA ÁRABE

Depois de 20 anos, Argélia anuncia fim de emergência

Anúncio feito pelo presidente Bouteflika acontece depois de duas semanas de intensos protestos no país

Estado existia desde 1992 como parte da luta contra grupos radicais islâmicos; milhares protestam no Iêmen

DE JERUSALÉM

O presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, anunciou ontem que planeja revogar o estado de emergência em vigor por quase 20 anos, atendendo às manifestações iniciadas no país norte-africano há duas semanas.
É mais um efeito da onda de protestos que varre o mundo árabe desde a queda do ditador da Tunísia, em janeiro. Milhares de pessoas foram ontem às ruas de Sanaa, capital do Iêmen, protestar contra o regime. Hoje estão marcadas manifestações semelhantes na Síria.
De acordo com a agência de notícias oficial APS, o presidente argelino prometeu a seu gabinete cancelar o estado de emergência instituído em 1992, como parte da luta do governo contra grupos radicais islâmicos.
Entre outras medidas de exceção que serão revogadas "num futuro próximo", conforme anunciou Bouteflika, estão restrições à liberdade de expressão e ao direito de realizar manifestações.
O presidente também anunciou que implementará reformas econômicas de combate ao desemprego.
"O presidente foi claramente influenciado pelos protestos que derrubaram o regime da Tunísia e ameaçam o do Egito", disse à rede CNN o analista argelino Saad Djebbar. "Com as reformas, Bouteflika espera se prevenir contra o que está acontecendo com Mubarak."
No Iêmen, cerca de 20 mil pessoas foram às ruas da capital, Sanaa, numa manifestação que manteve separados por poucos quilômetros opositores e simpatizantes do ditador Ali Abdullah Saleh, há 32 anos no poder.
O anúncio feito por Saleh na véspera, de que não pretende concorrer à reeleição e não apontará o filho como sucessor, não foi o suficiente para esvaziar o "dia de fúria" convocado pela oposição.
"Juntos lutamos contra a pobreza, a corrupção e a injustiça", gritavam os opositores na Universidade de Sanaa, entre discursos de líderes da principal coalizão opositora, que une ativistas islâmicos e socialistas.
Embora chamado de dia da fúria, o protesto transcorreu de forma pacífica, enquanto soldados observavam a multidão de telhados.
Depois de pedir ao Egito que apresse a transição rumo à abertura política, o governo dos EUA apelou ontem ao governo iemenita que implemente reformas políticas que atendam aos anseios da população.
Segundo a agência de notícias Associated Press, a preocupação do governo Obama é que o desvio da atenção das forças de segurança do Iêmen para manifestações antigoverno seja aproveitada pela rede terrorista Al Qaeda, que usa o país como base.
Hoje será a vez da Síria, onde manifestantes convocaram por meio de redes sociais na internet protestos contra o regime do ditador Bashar Assad para a capital, Damasco, e outras três cidades do país.
(MARCELO NINIO)


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