São Paulo, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011

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ANÁLISE

Árabes podem aprender com modelo turco de democracia

IBON VILLELABETIA
DA REUTERS, EM ANCARA

Os egípcios e outros árabes que estão procurando deixar no passado os seus governos autocráticos podem contemplar a Turquia em busca de indícios sobre como combinar o islã e a democracia.
Relativamente estável, dotada de economia vibrante e gerida por um governo conservador e pragmático liderado por antigos militantes islâmicos, a Turquia foi muitas vezes mencionada como democracia muçulmana modelo e como âncora da influência ocidental na região.
Com uma onda de inquietação se espalhando da Tunísia à Jordânia e Iêmen, e com a intensificação dos apelos para que Mubarak inicie logo a transição, os analistas do Oriente Médio estão voltando sua atenção à Turquia, uma força diplomática em ascensão na região.
"O modelo da Turquia serve como fundação para sociedades semelhantes e por isso acredito que, depois dos protestos, os árabes reconsiderarão o modelo turco, que combina valores islâmicos e democracia como forma universal de governo", disse Fawaz Gerges, da London School of Economics.
Mas analistas dizem que as profundas diferenças entre a Turquia, membro da Otan (aliança militar ocidental) e candidata à União Europeia, com variedade amena de islã, e o Oriente Médio árabe, no qual falta a cultura da liberdade política, significam que o modelo não poderá ser copiado de imediato.
Na Turquia, as poderosas Forças Armadas derrubaram quatro governos de 1960 até agora e agiam como árbitro final do poder no sistema parlamentar que estava em vigor até a década de 1950.
Nos últimos anos, a democracia turca ganhou vigor, com reformas empreendidas pelo Partido AK, do premiê Tayyip Erdogan, a fim de preparar a Turquia para a adesão à União Europeia e cercear o poder dos generais.
Paul Salem, do Carnegie Endowment's Middle East Centre, em Beirute, ressaltou que não era esse o caso no Egito, onde os militares estão no coração do poder desde o fim da monarquia, em 1952.
Analistas dizem que grupos islâmicos provavelmente desempenharão papel proeminente na Tunísia e no Egito, quando Mubarak sair.
Essa perspectiva preocupa os EUA, que apoiam autocracias para servirem como baluartes contra suposta ameaça do islamismo militante.


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