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INTEGRAÇÃO
Segundo as pesquisas, 58% da população deve votar contra a abertura das negociações para entrada do país no bloco
Suíços devem rejeitar hoje de novo entrada na UE
CLAUDIA ASSEF
DE PARIS
Ao votar hoje no referendo que
vai decidir os rumos da adesão da
Suíça à União Européia (UE), boa
parte dos suíços estará hesitante.
"A idéia de acelerar a entrada do
país no bloco europeu deverá encontrar obstáculos por toda parte", avalia o historiador Fraçois-Georges Dreyfus, professor de
história da construção da UE na
Universidade de Paris-Sorbonne.
Segundo as últimas pesquisas de
intenção de voto, 58% dos suíços
deverão votar contra a abertura
imediata de negociações com
Bruxelas e 32% a favor.
Entre os opositores da idéia estão empresários, trabalhadores e
o próprio governo suíço. "Eles
têm medo de que Bruxelas se meta demais nos assuntos do país,
que, na opinião deles, funciona
muito bem sem a interferência da
Europa", diz Dreyfus.
Pressão juvenil
A pressão para que o referendo
fosse realizado partiu de jovens
socialistas suíços, a quem a imprensa local passou a chamar de
"euroturbos".
Se depender deles, a Suíça começará a negociar sua entrada na
UE a partir deste ano e não no início de 2003, como o previsto.
Para eles, a obtenção de um
"sim" no referendo de hoje dará a
Berna, a capital do país, poderes
para começar a interferir nas decisões tomadas pelos 15 países
que compõem a UE.
Do lado do governo e dos empresários, que se declaram favoráveis a uma adesão mais lenta da
Suíça à UE, o julgamento é de que
ainda é cedo para abrir negociações que possam acelerar o processo.
"Eles têm mesmo muito medo
de serem obrigados a abrir mão
de coisas sagradas para eles, como
o sigilo bancário", afirma o professor Dreyfus.
"Além disso, há questões como
a perda da soberania do país e a limitação do exercício da democracia direta", diz.
Para o professor, a votação do
lado alemão do país será bem diferente da votação do lado francês. Nos cantões de fala alemã,
acredita ele, os habitantes tendem
a votar no partido populista de direita e temem que uma aproximação com a UE os obrigará a pagar
mais impostos.
Francófonos
Já os suíços do lado francófono
seriam, para Dreyfus, mais favoráveis à entrada da Suíça na UE.
Recentemente, o país viveu uma
prévia do tipo de pressão que poderá sofrer caso se torne membro
do bloco europeu. A Comissão
Européia dirigiu-se ao governo
suíço para avisar que esperava do
país uma atenção especial com relação à luta contra fraudes no fisco, e um maior vigor na taxação
sobre as contas de poupança.
Na semana passada, uma carta
do comissário encarregado pelas
Relações Exteriores da União Européia deu a entender que a falta
de progresso nessas áreas poderia
desacelerar a confirmação de sete
acordos econômicos bilaterais assinados em 1999 pela UE e pelo
governo suíço.
"Esse tipo de receio, de que a UE
poderá intervir demais, principalmente nos assuntos econômicos,
deverá fazer com que as pessoas
votem "não" no referendo", disse
Dreyfus.
Em novembro de 2000, os 15
países membros da UE decidiram
que passariam a realizar uma troca de informações sobre a taxação
de contas de poupança até 2010 e
pediram que a Suíça, apesar de
não ser integrante do bloco, fizesse o mesmo.
Porém o país respondeu que o
segredo bancário não era algo negociável.
O futuro do franco suíço, moeda que atrai os investidores que
não querem colocar todo seu dinheiro em dólar ou libras esterlinas, é outra razão que justifica o
desinteresse da população na entrada da Suíça no bloco europeu.
"Eles gostam de ter sua própria
moeda, sentem que isso traz independência", diz Dreyfus.
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